Nelas, Viseu, 12 fev (Lusa) - O presidente da Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), António Minhoto, congratulou-se hoje com a aprovação do projeto-lei que visa o pagamento de indemnizações aos antigos mineiros, em caso de doença profissional ou morte.
"Hoje é um dia glorioso, um dia histórico para a família mineira. Fez-se justiça e provou-se que vale a pena acreditar na luta, mesmo que seja de muitos anos", alegou.
Os antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) - com sede na Urgeiriça, concelho de Nelas, distrito de Viseu - lutavam há vários anos para que estas indemnizações fossem pagas, alegando os riscos que correram devido à exposição à radioatividade.
Hoje, a Assembleia da República aprovou por unanimidade o projeto-lei conjunto do PS, BE, PCP e Os Verdes que contempla o pagamento das indemnizações aos antigos mineiros, em caso de doença profissional ou morte.
"Neste documento único ficaram já estipulados quais seriam os montantes a pagar às viúvas ou familiares que já falecer. Agora o Governo tem 60 dias para estabelecer o pagamento", esclareceu.
No seu entender, até chegar a esta conquista passaram muitos anos, num percurso feito "com muito suor, lágrimas e algumas mortes pelo caminho".
"Tiveram de morrer alguns antigos trabalhadores para se justificar o injustificável", sublinhou.
António Minhoto considerou que "a vitória de hoje" representa o fim de uma etapa, mas que a associação a que preside ainda tem muito trabalho pela frente, prometendo continuar a dar o seu contributo à região onde as minas de urânio estão instaladas.
"Vamos fazer plenários, debates e contribuir para que esta região tenha algum desenvolvimento, beneficiando de alguma maneira quem já passou muito mal", acrescentou.
O presidente da ATMU informou ainda que no próximo dia 05 de março terá lugar na Urgeiriça uma sessão pública que tem por objetivo "comemorar esta grande vitória e homenagear todos os que estiveram envolvidos nesta luta até que se fizesse justiça".
"É aqui que vamos também lançar um livro com todo o historial das minas, que vai relatar todo este processo de 15 anos de luta", concluiu.
A ENU teve a seu cargo, desde 1977, a exploração de minas de urânio em Portugal. A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004.
