Aulas de português no estrangeiro vão começar sem atraso

por Agência LUSA

O secretário de Estado adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, garantiu que as aulas de português no estrangeiro vão começar sem atrasos no próximo ano lectivo, apesar da reforma que o governo quer fazer no sector.

"Se houver, é um atraso de uma semana num sítio ou noutro, mas a intenção do Governo é para que tudo esteja pronto como nos outros anos", disse Jorge Ped reira numa entrevista publicada na edição de hoje do jornal Mundo Português.

O Governo terminou esta semana a segunda ronda de negociações com os sindi catos sobre a reforma do ensino do português no estrangeiro.

Entre várias críticas à proposta do Governo, os sindicalistas consideram q ue a altura escolhida para as negociações vai atrasar o início do próximo ano le ctivo.

Para Jorge Pedreira, os únicos países onde poderá haver algum problema são aqueles em que o ano lectivo começa durante o mês de Agosto.

"Estamos a adoptar para esses casos uma solução excepcional", que passará pela realização de um concurso nos termos da legislação actual de contratação, c om abertura para aquilo que ficará na nova legislação", explicou o secretário de Estado, adiantando que se está a referir à Alemanha e à Suíça.

Uma das principais novidades na proposta de reforma do ensino do português no estrangeiro é o fim do destacamento de professores, que passarão a ser contr atados.

Segundo o governante, o destacamento é uma situação que "hoje não se justi fica".

"Esta situação - de pessoas que mantém lugares nos quadros das escolas por tuguesas e permanecem durante décadas no sistema de ensino de português no estra ngeiro - é absurda", afirmou.

Nesta decisão de acabar com o destacamento, o Governo também teve em conta os salários que esses professores auferem, que Jorge Pedreira classificou como "vencimentos de privilégio".

"Se eles fossem divulgados, estamos certos que seriam motivo de escândalo.

Essa situação não é aceitável que continue, não é aceitável que um professor de stacado receba o dobro de outro que é contratado e faça exactamente o mesmo", su blinha.

Contudo, garante que o Governo não pretende reduzir o investimento, mas si m usá-lo para "apoiar as escolas, fornecer materiais pedagógicos, qualificar e d ignificar o ensino do português no estrangeiro".

Com este cenário, é intenção do Governo que as escolas privadas e as assoc iações espalhadas pelo mundo passem a ter mais apoio, indicou o responsável.

Com as novas regras, o Ministério da Educação pretende também promover a i ntegração do ensino do português nos currículos dos países de acolhimento.

De acordo com o secretário de Estado, "o país não tem recursos para assegu rar aos milhões de portugueses e luso-descendentes o ensino do português nos mes mos termos em que tem vindo a assegurar em alguns países da Europa".

"Há a intenção de o tornar mais qualificado, mais digno e de encontrar mei os suplementares, que só podem ser através da integração nos países de acolhimen to ou através de apoio às iniciativas comunitárias", sublinhou Jorge Pedreira.

O governante defendeu ainda uma política de afirmação da língua portuguesa sem distinguir se é para portugueses e luso-descendentes ou para estrangeiros, por ser "muito importante para a afirmação de Portugal no mundo".

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