Bastonária dos advogados quer revisão de regras de imunidade

por RTP

Elina Fraga, bastonária da Ordem dos Advogados, disse na RTP3 que, em termos de justiça e de investigação criminal das agressões no caso de Ponte de Sor, o espaço de uma semana é escasso.

"O crime não está sequer tipificado porque não sabemos qual será o resultado desta agressão", afirmou Elina Fraga, lembrando que o rapaz de 15 anos espancado pelos dois irmãos filhos do embaixador iraquiano está ainda com prognóstico reservado.Os dois gémeos iraquianos são suspeitos do que pode ser crime de homicídio da forma tentada.

O Ministério Público, em nota da Procuradoria Geral da República, anunciou ter pedido ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que pondere um pedido de levantamento de imunidade diplomática dizendo que pretende interrogar e constituir arguidos os dois filhos do embaixador.

Mas para haver uma constituição de arguido é necessário haver indícios da prática de um crime, lembrou a bastonária, pelo que já estamos "numa fase posterior" à da investigação.

É necessário, segundo Elina Fraga, "rever a convenção de Viena", que já tem mais de 50 anos e surgiu num contexto de pós-guerra "histórico, social e cultural muito específico".

"Não me parece a mim, enquanto bastonária dos advogados, que se possa justificar uma imunidade tão lata quanto a existente", sustentou.
Sem aplicação prática

Outra legislação contraditória foi entretanto aprovada em muitos fóruns e Estados, pelo que a Convenção deverá ser atualizada, insiste a bastonária.

A imunidade diplomática não pode ser geradora de impunidade, defende Elina Fraga, lembrando que o que pode ser crime num lugar onde o ato seja praticado pode não o ser no país de origem do criminoso que esteja defendido por imunidade diplomática, pelo que nunca será julgado.

O que esteve na génese da Convenção de Viena não tem aplicação prática hoje em dia, rematou Elina Fraga.
pub