Desastre de julho com C-130 no Montijo atribuído a erro humano

por Carlos Santos Neves - RTP
O Lockheed C-130 Hércules é um avião de transporte utilizado por diferentes forças militares em todo o mundo Luke MacGregor - Reuters

Erro humano. É esta a conclusão do relatório de averiguações da Força Aérea Portuguesa sobre o desastre ocorrido a 11 de julho deste ano, na Base do Montijo, com um avião pesado C-130, que causou as mortes de três operacionais e ferimentos a outros quatro, um dos quais ficou em estado grave. Segundo aquele ramo das Forças Armadas, houve perda de controlo na tentativa de abortar a descolagem.

O desastre da esquadra 501 - “Bisontes” na Base n.º 6, explica a Força Aérea em comunicado, “ocorreu devido à impossibilidade da tripulação em controlar eficazmente a aeronave no decurso de uma manobra que visava treinar a interrupção da respetiva corrida de descolagem - manobra designada de aborto à descolagem”.

“Durante a execução de uma manobra de aborto à descolagem, a tripulação perdeu o controlo da aeronave”, lê-se na síntese do relatório.
Lê-se na mesma nota da Força Aérea Portuguesa que os “procedimentos de averiguação relativos ao acidente estão terminados”.

O processo de averiguações concluiu assim que o aparelho C-130 estava “pronto para operação, sem restrições”. Simultaneamente, sublinha-se que as condições meteorológicas eram, naquele dia, favoráveis.

“A aeronave não apresentava quaisquer problemas ou anomalias que inviabilizassem a tipologia da missão a efetuar, designadamente um voo de instrução e qualificação”, indica a Força Aérea.
“A tripulação perdeu o controlo”

A Força Aérea acrescenta que “a missão foi devidamente planeada e coordenada entre a tripulação e compreendia o treino de manobras no solo, abortos à descolagem, voo alto e circuitos de aproximação, de acordo com o Manual de Qualificações da aeronave C-130, o que implica um risco associado mais elevado do que os decorrentes de uma missão normal, razão pela qual são previamente treinadas em simulador de voo”.

“Durante a execução de uma manobra de aborto à descolagem, a tripulação perdeu o controlo da aeronave, a qual descreveu uma trajetória para a direita sem hipótese de correção, saindo da pista e imobilizando-se”, descreve-se no relatório.

“Em consequência da imobilização abrupta, deflagrou um incêndio, em princípio na zona do trem de aterragem e asa direita, que se propagou rapidamente ao resto da fuselagem e ao solo contíguo”, prossegue o texto da Força Aérea.
Resposta “imediata e eficaz”
A tripulação do aparelho, continua a Força Aérea, “executou os procedimentos previstos e regularmente treinados com vista à evacuação da aeronave, que determinam a saída pelo compartimento de carga”.

“Esta via revelou-se impossível dada a existência de fumos e de temperaturas extremas, bem como à ocorrência de danos estruturais na fuselagem. Quatro dos tripulantes conseguiram abandonar a aeronave através das janelas do cockpit, sendo que os restantes não conseguiram recorrer a outra saída de emergência”.

Por último, a Força Aérea avalia como “imediata e eficaz” a resposta dos serviços de socorro, “bem como a coordenação com as entidades civis prontamente chamadas ao local para reforço da capacidade orgânica daquela Unidade”. 
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