"É inevitável que a Força Aérea venha a ter capacidade de combater fogos florestais"

por Rui Sá, João Fernando Ramos

"É inevitável que a Força Aérea venha a ter capacidade de combater fogos florestais". A afirmação é do ministro da defesa que lembra no entanto que de momento ela não tem nem aviões nem helicópteros com capacidade para o fazer.
Azeredo Lopes não responde às acusações de Jaime Marta Soares que esta sexta feira disse que a Força Aérea não combate os fogos porque não se entende com o Ministério da Administração Interna e que pretende ganhar dinheiro com esse serviço.

O Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses esteve esta sexta feira em Belém para um encontro com o Presidente da República. Deixou críticas aos políticos com responsabilidades na floreta que diz serem "incompetentes" e que não sabem "distinguir um chaparro de um eucalipto".

Alvo das criticas do representante dos soldados da paz também a autoridade florestal ("que não te sido capaz de sair do marasmo e de assumir as suas responsabilidades técnicas" e que "Tem uma visão de capelinha").

O ICNF (instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) administra os menos de 3% da floresta propriedade do Estado, os 47 parques, reservas e monumentos naturais, e faz a co-gestão de parte dos 7% da área florestal que está em baldios.

O Instituto supervisiona também a rede europeia de habitats prioritários no nosso pais impondo regras de salvaguarda a privados e autarquias.

Frente as chamas são os seus técnicos quem assume, por exemplo, as operações de fogo controlado e muitas das vezes, em colaboração com o exército e as autarquias, os rescaldos das áreas mais sensíveis.

No Jornal 2 o ministro da defesa avançou números: Mais de quatro mil e quinhentos militares estiveram já envolvidos no combate e apoio ao combate dos incêndios florestais.

"O Exercito tem cerca de oito mil operacionais. O nosso envolvimento em ações de proteção civil está no limite, ou até para lá do limite".

Mais de uma centena de incêndios continuavam ativos em todo o país na noite desta sexta feira. Seis deles são considerados de grandes dimensões. Arouca, Águeda e Anadia concentram o grosso dos meios.

Os meios aéreos foram cruciais para que nas últimas 24 horas tenha sido possível reduzir de 12 para seis os grandes incêndios no continente.

Há reforços a caminho. Para além dos cinco aviões já cedidos por Espanha, Itália e Marrocos chegam esta madrugada dois hidrobombardeiros pesados russos.

Um maior envolvimento da Força Aérea neste momento, diz Azeredo Lopes, não é possível porque aquele ramos das forças armadas não tem meios adaptados a essa fusão.

O Ministro da Defesa diz no entanto que há um amplo consenso político sobre a matéria e que o reequipamento daquele ramos será feito pensando também nessa função.

Lembrando que os C-130 são de 1978 e que "menos de uma mão cheia deles está neste momento operacional", o responsável pela pasta da defesa acredita que a compra e novas aeronaves terá que ser feita a curto prazo.

A opção pode recair no Embraer KC-390, que foi em grande parte desenvolvido (e é parcialmente construído) pelo nosso país.

Sendo uma aeronave que já foi estruturalmente projetada para este tipo de missões, o ministro da defesa advoga que qualquer concurso internacional que se faça para reequipamento preveja desde logo os "kits" de combate a incêndios.

A mesma posição tem Azeredo Lopes para a compra dos Helicópteros ligeiros de que o país não dispõem nas Forças Armadas.

O ministro lembra no entanto que a aquisição é um processo burocraticamente moroso e que este tipo de equipamentos "não está disponível como num supermercado onde é possível ir à prateleira escolher o que queremos pagando na caixa".
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