Encontrados dois corpos no interior da embarcação que naufragou na Figueira da Foz

por Cristina Sambado - RTP
Embarcação vai ser sujeita a uma operação de reflutuação Paulo Novais - Lusa

Foram encontrados, no interior do arrastão 'Olívia Ribau', os corpos de dois dos quatro pescadores que ainda estavam desaparecidos. A embarcação vai ser sujeito a uma operação de reflutuação para que as autoridades possam reabrir a barra da Figueira da Foz à navegação.

As buscas dos mergulhadores foram dificultadas pela existência de redes e outras artes de pesca que se encontram a bordo do arrastão.

“Aquilo que se pode confirmar, depois de uma operação muito complicada de remoção de destroços e de artes de pesca na envolvência da casa do leme do arrastão, é que se conseguiu entrar, a visibilidade é totalmente nula, mas já se conseguiu recuperar duas vítimas que se encontravam no interior”, afirmou Nuno Leitão, porta-voz da Autoridade Marítima.

As buscas, para encontrar os outros dois pescadores prosseguem, tanto no interior do barco como por terra e mar. Apesar de existir uma forte possibilidade de outros dois corpos se encontrarem também no interior do 'Olívia Ribau'.

“Perspetivamos que as outras duas vítimas, que faltam encontrar, possam estar também no interior da embarcação”, acrescentou o porta-voz da Autoridade Marítima.

Segundo Nuno Leitão, “a visibilidade é completamente nula, são buscas por palpação, são buscas complicadas, porque é uma embarcação que está virada ao contrário, tem todos os utensílios com flutuabilidade positiva soltos, roupas, colchões. Por isso é uma operação muito complicada”.
Arrastão vai ser colocado a flutuar
O arrastão Olívia Ribau vai ser sujeito a uma operação de reflutuação para que as autoridades possam reabrir a barra da Figueira da Foz à navegação.
A operação de reflutuação consiste na colocação de balões para tentar elevar a embarcação.

A instabilidade em que o arrastão se encontra não permite, para já, o regresso das equipas de mergulho ao interior.

A câmara da Figueira da Foz decretou três dias de luto municipal.

Acidente ocorreu na terça-feira
O arrastão Olívia Ribau naufragou pouco depois das 19h00 de terça-feira à entrada do porto da Figueira da Foz. Dos sete tripulantes que seguiam a bordo da embarcação, dois foram resgatados com vida.

Na quarta-feira, dezenas de pescadores e familiares concentraram-se junto à Capitania do Porto da Figueira da Foz criticando a atuação dos meios de socorro e a colocação da bandeira nacional a meia haste em sinal de luto e respeito.

Os familiares recusam a versão das autoridades sobre a operação de socorro que se seguiu ao naufrágio e exigem um pedido de desculpa por parte da Autoridade Marítima.

No entanto, a Autoridade Marítima garante que a atuação de salvamento foi a mais adequada.
Barra da Figueira não tem condições
A Associação Pró-Maior, segurança dos Homens do Mar considera que a barra da Figueira da Foz não deveria estar aberta. E que não é a falta de uso de coletes que causa estes acidentes, mas sim a abertura de barras que não estão dragadas.

“A barra da Figueira da Foz não está em condições para barcos de pesca. A barra necessita todos os anos de uma manutenção e é por isso que temos acidentes”, afirmou José Festas à RTP 3.

“Depois não é começar a dizer que foi a falta de coletes, que foi a falta de responsabilidade do mestre. O mestre tem condições para entrar numa barra, desde que ela tenha condições para ele entrar”, rematou.
Tópicos
pub