GRID traz benefícios medicina e ciência - Mariano Gago

por Agência LUSA

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior defendeu hoje que a tecnologia computacional GRID, que supõe o uso da Internet e está a desenvolver-se em Portugal, traz benefícios à medicina, à meteorologia, à ciência e à economia.

"A tecnologia GRID, que supõe o uso da Internet, visa disponibilizar elevadas capacidades computacionais à custa da distribuição de tarefas de processamento por vários computadores de forma coordenada e eficiente", adiantou Mariano Gago, a propósito do lançamento, hoje, da Iniciativa Nacional GRID.

A WEB disponibiliza uma camada de serviços que torna possível a partilha de informação independentemente da sua localização. A GRID faz algo semelhante, permitindo a partilha de recursos computacionais independentemente das suas características e localização.

Os especialistas consideram a tecnologia GRID o passo tecnológico seguinte em relação à WEB.

"A tecnologia GRID vem oferecer respostas às enormes exigências ao nível da capacidade computacional e de armazenamento que o processamento de grandes quantidades de dados coloca", frisou Mariano Gago, que presidiu hoje, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, ao lançamento da Iniciativa Nacional GRID.

Tratou-se de um evento organizado pela UMIC/Agência para a Sociedade do Conhecimento e que contou com a participação de representantes da Comissão Europeia, do CERN (Organização Europeia de Pesquisa Nuclear) e de centros de investigação e computação de Espanha.

Na ocasião, foi assinado um protocolo de cooperação entre a UMIC e a IBM Portugal relativo ao apoio desta empresa a acções no âmbito da Iniciativa Nacional GRID, disponibilizando, nomeadamente, "software" e materiais educativos aos investigadores e professores das instituições científicas e do Ensino Superior.

Mariano Gago destacou, entre as aplicações da Computação GRID, as que foram desenvolvidas no âmbito do projecto CrossGrid, cuja infra- estrutura tem os seus sistemas centrais de gestão instalados em Portugal, sob a responsabilidade operacional do LIP/Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas.

"Neste âmbito, são consideradas aplicações de controlo, previsão e simulação de cheias em bacias fluviais, aplicações de modelação de poluição atmosférica e outros serviços de apoio à meteorologia, bem como uma aplicação de apoio à cirurgia vascular", explicou.

"Nesta última aplicação, partindo das imagens de TAC ou Ressonância Magnética de um paciente, o cirurgião pode simular o efeito de um `by-pass` e visualizar o fluxo sanguíneo, decidindo por tentativas sucessivas a melhor solução para a intervenção", disse também o governante.

Esta aplicação - realçou - "permite encurtar para poucas horas o tempo de intervenção que medeia entre a recolha da imagem e a intervenção cirúrgica optimizada pela simulação prévia".

Por outro lado, grandes empresas financeiras recorrem à Computação GRID para "efectuar análises de risco cada vez mais detalhadas, que, por sua vez, levam à criação de novos serviços financeiros para os clientes".

Os objectivos da Iniciativa Nacional GRID são, nomeadamente, o reforço das competências e capacidades nacionais nesta área, a continuação da integração de Portugal na rede internacional de Computação GRID, a melhoria das condições para as actividades científicas e para aplicações de interesse económico e social que envolvem "computações complexas ou com elevadas quantidades de dados".

Além disso, pretende-se "o reforço da multidisciplinaridade e colaboração entre as comunidades de investigadores e utilizadores de meios computacionais de elevado desempenho e das condições para as empresas encontrarem em Portugal instituições científicas e recursos humanos com conhecimentos e experiência de Computação GRID", disse também o ministro Mariano Gago.

"O país tem de competir no modo dos computadores do futuro, em acelerada expansão em todo o mundo", disse também o membro do Governo, para defender "o reforço das capacidades já existentes em Portugal" quanto à Computação GRID.

Já existem centros de Computação GRID em Lisboa, Porto e Coimbra, mas o objectivo é alargar a rede nacional, prevendo o Governo investir nesta área cinco milhões de euros nos próximos três anos, segundo o titular do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Está previsto, igualmente, o investimento de privados, nomeadamente empresas, em Computação GRID.

A Iniciativa Nacional GRID envolve acções relativas a infra- estruturas de computação, conectividade de alta velocidade em Portugal e com infra-estruturas internacionais, projectos de inovação e desenvolvimento, projectos de demonstração e aplicação com fortes ligações internacionais, formação e avaliação internacional, assim como observação, acompanhamento e disseminação de informação.

A entidade responsável pela execução da Iniciativa Nacional GRID é a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), enquanto a Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) terá funções de observação e acompanhamento.

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