Incerteza do modelo de gestão para Carris e Metro "condiciona empresas"

por Lusa

Lisboa, 12 fev (Lusa) -- O presidente da holding Transportes de Lisboa, Tiago Farias, admitiu hoje que desconhece o modelo de gestão que será implementado pelo Governo e que essa incerteza condiciona o normal funcionamento das empresas Carris e Metropolitano de Lisboa.

"O nosso desafio é de gestão pura. Estamos na expectativa de que haja uma clarificação do modelo [de gestão das empresas]. Essa clarificação transfere muito da visão estratégica para o foro mais local", disse o presidente, referindo-se à municipalização dos transportes defendida pelo Governo.

Tiago Farias falava no parlamento durante a terceira audiência do grupo de trabalho para debater os projetos de lei do PCP e do BE para a reversão da subconcessão dos transportes urbanos, que hoje está a ouvir as administrações das empresas.

Perante os deputados, o responsável foi claro: "Também não conheço taxativamente que modelo será aplicado".

Afirmando que a falta de clarificação do modelo de gestão "cria alguma ansiedade" nas empresas, o presidente da Transportes de Lisboa defendeu que o "modelo que vier a ser pensado deverá satisfazer a visão integrada que os municípios pretendem e aí a Área Metropolitana de Lisboa poderá ter um papel importante".

Sobre a criação e o funcionamento da Transportes de Lisboa, o responsável esclareceu que, em termos operacionais, as empresas da holding (Carris, Metro de Lisboa, Transtejo e Soflusa) "são autónomas, mas há um conjunto de serviços que são partilhados".

"A fusão [das empresas] não existiu, mas existe uma partilha de recursos em termos de localização para a otimização de processos e partilha de metodologias", acrescentou.

Questionado sobre o futuro dos elétricos, que ficaram de fora dos planos de concessão do anterior Governo, o presidente realçou a sua importância no transporte de passageiros e o seu "papel estruturante" para transporte turístico.

"É um vencedor claro que deve continuar a fazer parte da oferta, mas com um pilar mais moderno", defendeu.

Também presente na audição, o administrador da Transportes de Lisboa José Matos esclareceu aos deputados a situação dos trabalhadores que foram relocalizados pela anterior administração em outra empresa do grupo.

"Enquanto o novo modelo não vier a ser estabelecido, não temos condições [...]. Quando o modelo vier a ser definido, estas situações serão devidamente acauteladas do ponto de vista do lugar original dos trabalhadores, mas, enquanto isso não acontecer, há um momento de transição", afirmou.

Referindo-se à falta de pessoal, José Matos recordou que está em curso a contratação de novos motoristas e guarda-freios para a Carris e adiantou que a primeira turma de novos motoristas já vai sair na próxima semana.

O parlamento aprovou, no final de novembro, a discussão na especialidade dos dois projetos de lei apresentados pelo PCP e quatro pelo Bloco de Esquerda para o cancelamento e reversão dos processos de subconcessão dos transportes públicos de Lisboa e do Porto.

A comissão parlamentar de Economia decidiu depois criar um grupo de trabalho para debater os projetos de lei.

Foram já ouvidos os sindicatos do setor, as comissões de trabalhadores, os conselhos metropolitanos de Lisboa e do Porto e as administrações das empresas públicas de transporte STCP (rodoviária), Metro do Porto, Carris (rodoviária) e Metropolitano de Lisboa.

A quarta e última reunião deverá realizar-se na terça-feira com a audição da empresa estrangeira que venceu os concursos públicos para a concessão em Lisboa (Avanza) e com as empresas que o anterior Governo escolheu por ajuste direto para o Porto (Alsa e Transdev).

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