Luso-descedente acusado de crime de índole racista

por Agência LUSA

Um luso-descedente de 27 anos começou hoje a ser julgado em Joanesburgo, África do Sul, como autor do assassínio à pancada seguido de atropelamento de um moçambicano em Dezembro de 2003, alegadamente por motivos racistas.

Andrew Alves e dois amigos, co-réus neste julgamento, teriam, segundo o Ministério Público sul-africano, agredido violentamente Samuel Fabião Macuanaze, e de seguida o atropelado intencionalmente.

No banco dos réus sentam-se com o luso-descendente Riaan Cloete, de 19 anos, e Jose Smith, de 25.

O primeiro dia do julgamento, hoje no Supremo Tribunal de Joanesburgo, foi dominado pela leitura da acusação e pelo testemunho de uma vizinha, que afirma ter presenciado parte dos acontecimentos que vitimaram o imigrante moçambicano.

Hennie Badenhorst, a testemunha de acusação, afirma que quando chegou a casa viu Macuanaze ferido com gravidade, prostrado na rua, em frente à casa onde os suspeitos conviviam e onde dois deles alegadamente residiam.

Badenhorst testemunhou que arrastou o ferido para a berma da via com a ajuda da namorada de Alves.

Logo de seguida, disse, os três agressores regressaram do interior da casa e voltaram a arrastar a vítima para o meio da rua, após o que Andrew Alves e José Smith entraram no carro de Alves e deliberadamente atropelaram o ferido.

A então namorada de Andrew Alves, Mariette Labuschagne, testemunhará terça-feira.

A vítima acabaria por morrer três dias após as agressões no hospital Thambo Memorial.

A testemunha que hoje depôs referiu que o arguido Andrew Alves lhe disse que agrediu Mucuanaze porque "os pretos o tinham roubado no seu local de trabalho", embora o advogado de defesa tenha avançado com a versão de que o imigrante moçambicano "fez um grande barulho à porta da residência (do arguido Alves) enquanto este fazia um churrasco com os amigos".

Para o Ministério Público, o racismo foi a motivação dos agressores.

A 26 de Outubro do ano passado a defesa pediu a libertação sob fiança dos dois arguidos, que estão detidos preventivamente, com base na possibilidade de retaliação de prisioneiros de raça negra contra ambos dada a cobertura da comunicação social ao caso de alegado racismo.

O juíz não deu provimento ao pedido, considerando-os "um perigo para a sociedade".

O pai de Andrew Alves, português que residiu em Angola antes de se mudar para a África do Sul, não teceu comentários ao julgamento, afirmando que o filho "fez provavelmente as escolhas erradas na vida".

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