Manifestação no Porto quer tornar visível a "invisibilidade" dos sem-abrigo

por Lusa

Porto, 17 set (Lusa) -- Pela visibilidade das pessoas em situação de sem-abrigo, vai realizar-se no próximo sábado, no coreto da Cordoaria, uma manifestação cultural para "mostrar à sociedade que esta parcela da população que vive nas margens da civilização ainda resiste".

Num manifesto divulgado à comunicação social, o movimento "Uma Vida como a Arte" explicou que o "grupo tem por missão dar existência às pessoas em situação de sem-abrigo", pela manifestação das suas "capacidades e saberes", uma vez que se baseiam em valores como "equidade e reciprocidade, pela independência e autonomia, pela solidariedade expressa e ativa e pelo reforço do espírito crítico".

A acompanhar esse manifesto encontra-se uma "carta de reivindicações", que inclui exigências como "garantir e facilitar o direito de proteção de acordo com a situação de `sem-abrigo`" ou o aumento do Rendimento Social de Inserção para 400 euros.

De acordo com o cartaz do evento, vão marcar presença no evento de sábado, às 17:00, artistas como Manuel Cruz, António Serginho, entre muitos outros como Regina Guimarães, Rui Spranger ou Ana Afonso.

Ainda segundo o manifesto, o principal objetivo da manifestação "contra a invisibilidade" é mostrar este grupo, que "é visível e inventa novas formas de ter, dar, experimentar e sentir".

"Numa cidade descaracterizada para receber o turista, com o centro desertificado, onde são inúmeras as casas abandonadas, existimos nas ruas. E das ruas fazemos o nosso leito e o pão de cada dia. Nas ruas lutamos, sobrevivemos e morremos. Marcados pela pobreza, somos a miséria que não se pode esconder: da falta de trabalho, do inferno das drogas e do álcool e das opções que nos vemos obrigados a escolher: a mendicidade, a prostituição e o crime", pode ler-se na parte do manifesto assinada por Noé Alves.

O mesmo autor sublinha que "ser sem-abrigo acarreta grandes dificuldades físicas e mentais, é ser assassinado lentamente, é estar vulnerável e excluído de privilégios e direitos sociais", pelo que declara: "Recusamo-nos a ser invisíveis e a ser eternamente flagelados pelas crises com que desculpam a nossa situação".

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