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Marcelo vê ingredientes desestabilizadores no discurso de Cavaco

por RTP

O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa criticou veladamente a ameaça velada que o presidente Cavaco Silva ontem fez ao Governo. Cavaco tinha lembrado a António Costa que pode demitir o Governo, ao sublinhar que não abdica de nenhum dos poderes presidenciais que ainda lhe restam.

Nos seus comentários ao discurso do presidente da República, por ocasião da tomada de posse do XXI Governo Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa quis começar com uma nota positiva: "Entendo que hoje se virou uma página. Terminou um ciclo político no Governo e na Presidência da República. (...) Daqui por oito semanas pode estar eleito um novo Presidente da República e o que interessa é olhar para o futuro".

Também com idêntico olhar prospectivo, o candidato referiu-se à expectativa sobre a governação efectiva, a começar pelo próximo orçamento, e sobre o próximo presidente, que poderá ser ele próprio: o que importa, disse, é "ver se o Governo governa e se apresenta o orçamento rapidamente e olhar para o próximo Presidente da República e ver como exerce as suas funções e como acompanha a atividade do Governo".

As críticas a Cavaco Silva começaram quando Marcelo Rebelo de Sousa classificou o discurso presidencial como "um balanço do passado", por contraste com o de António Costa, a traduzir-se, disse também, "num novo ciclo". Para Marcelo, em maior consonância com Costa, "a crise terminou, o passado passou, entrou-se numa nova fase, que é uma fase de futuro".

Nas declarações de ontem, o possível futuro inquilino de Belém não quis comentar o elenco governativo, mas o tom global das suas declarações mostrava sobretudo vontade de lançar as sementes para uma coabitação harmoniosa com Costa.

Sobre a eventualidade de, como eventual presidente da República, poder convocar eleições antecipadas, Marcelo afirmou que "não interessa prolongar o clima de crise política". E explicou-se: "A prioridade, para os portugueses, não é estar a discutir se a crise deve continuar ou não, se há dissolução ou não, se o Governo cai ou não. Não podemos brincar com coisas sérias".

Segundo o candidato, "os portugueses estão um bocadinho fartos do clima de crise. Querem é ver resolvidos os seus problemas concretos".

E, como os discursos voltados para o passado, ou de "balanço" do mesmo, não contribuem para pôr fim à fartura do clima de crise, Marcelo lançou também: "Os portugueses querem é que o Governo governe e querem que, o mais rapidamente possível, seja eleito um novo presidente da República para se iniciar um novo ciclo".
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