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Menezes também demolia o bairro do Aleixo se fosse autarca portuense

por © 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, declarou hoje que se fosse autarca do Porto também optaria pela demolição do bairro do Aleixo, mas sempre com a preocupação de garantir soluções "com dignidade" para realojamento dos moradores.

"Se atravessasse o rio, faria o mesmo nessas circunstâncias, ou seja, só demoliria uma casa com a certeza absoluta de que encontraria soluções de alojamento de dignidade para as pessoas que ali viviam", disse Menezes, que falava à agência Lusa no Paço Episcopal do Porto, aonde foi apresentar cumprimentos de Natal ao bispo Manuel Clemente.

Tais soluções passariam, como explicou, por "procurar manter elos de vizinhança e procurar manter filhos próximos dos pais".

Questionado sobre se essa preocupação foi evidenciada, Menezes respondeu: "Penso que sim, mas, sinceramente, não conheço em pormenor a situação".

"Normalmente quando as coisas correm mal, há protestos e denúncias. Não tenho visto, mas também não lhe posso jurar que está garantido porque, como disse, não conheço a situação", acrescentou.

A torre 5 do bairro do Aleixo foi demolida por implosão no dia 16, o mesmo sucedendo até ao final do atual mandato autárquico com o resto do complexo habitacional, segundo o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.

"Não critico a solução, criticaria se as pessoas ficassem dispersadas, ficassem desenraizadas. Não me consta que seja assim e estou convencido de que, em relação às torres que falta demolir, essa preocupação continuará a estar de pé", declarou.

Para Menezes, há bairros, como o do Aleixo, que "não têm conserto".

"Não do ponto de vista da maioria das pessoas que lá vivem, porque a maioria é gente excelente e ordeira, mas do ponto de vista das soluções de construção que foram más", explicou.

A demolição do Aleixo é um compromisso do atual executivo camarário do Porto, assumido na campanha eleitoral de 2009.

O concurso público aberto pelo município para a criação de um Fundo Especial de Investimento Imobiliário (FEII) com vista à demolição do bairro do Aleixo foi ganho pela Gesfimo, do Grupo Espírito Santo.

O FEII deverá ser constituído com um capital de seis milhões de euros, tendo como principais participantes Vítor Raposo, a Espart - Espírito Santo Participações Financeiras S.A. e o município.

A outro nível, Menezes considerou que a Lei das Rendas irá ajudar na reocupação de prédios devolutos que não estão no mercado de arrendamento, "mas não vai ajudar claramente a encontrar solução para a maior parte dos mais de meio milhão de edifícios que não encontram comprador".

Para imóveis devolvidos aos bancos ou que os imobiliários não conseguem vender, a solução passa, segundo Menezes, "por todos ganharem um pouco menos", baixando os preços de alienação ou optando por soluções de aluguer, "apoiadas pelo Estado em determinados estratos socioeconómicos".

Se os preços desses edifícios "continuam altíssimos, apesar de não se venderem, se existem pessoas sem casa, se existem empresários que não conseguem responder perante a banca, vai ter que haver cedências de todos", declarou o autarca que hoje mesmo entregou casas sociais a famílias carenciadas do concelho que dirige.

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