"O que este embaixador fez não é mais do que bulling diplomático"

por Rui Sá, João Fernando Ramo

A embaixada do Iraque afirma que os filhos do embaixador foram vitimas de um gangue com motivações xenófobas e que os dois jovens apenas reagiram em legitima defesa.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros já confirmou que não foi esta a primeira versão dos acontecimentos dada pelos alegados agressores de Rúben Carvalho. O embaixador do Iraque foi chamado de urgência a Bagdade.
No Jornal 2 Frei Fernando Ventura é claro:"O que este embaixador fez não é mais do que bulling diplomático".

Rúben Carvalho saiu dos cuidados intensivos. Deixou o coma induzido no mesmo dia em que se ficou a saber que é apontado como um dos agressores xenófobos deste caso.

Em comunicado a embaixada do Iraque afirma que "Os filhos de sua excelência o embaixador do Iraque em Portugal foram severamente espancados por seis pessoas" e "insultados porque são árabes e de religião muçulmana".

Frei Fernando Ventura chama a atenção para uma tentativa de justificação que não pode

Heider Ali, um dos jovens iraquianos, afirmou em entrevista que "todos foram vitimas das circunstâncias" e de um fenómeno que diz ser "comum em Portugal".

No Jornal 2 o comentador de questões religiosas e sociais recusa a ideia e diz que "o acenar das bandeiras religiosas é uma forma fácil de fazer a defesa passando ao ataque". Frei Fernando Ventura acrescenta que "se eram muçulmanos não deveriam tão pouco estar naquele local onde se vende álcool".

A Polícia Judiciária enviou uma brigada a Ponte de Sor para ouvir testemunhos.

A RTP falou com uma dessas testemunhas que confirma as agressões aos jovens iraquianos, mas nega qualquer motivação religiosa ou xenófoba. Os desacatos terão tido inicio depois de alegadas provocações às namoradas de um grupo de seis jovens que estavam num café.

Cinco dias depois do atropelamento, seguido de espancamento, do jovem de 15 anos em Ponte de Sor os alegados agressores invocam legitima defesa.

As testemunhas do que aconteceu na passada quinta feira de madrugada falam de um ato de vingança sobre Rúben Cavaco quando estava isolado do grupo de amigos.

Sobre as justificações dadas pela embaixada do Iraque Frei Ventura diz que tudo não passa da criação "de uma cortina de fumo para esconder o que foi uma rixa que terminou num crime grave, numa tentativa de linchamento".

O embaixador do Iraque, que foi chamado de urgência a Bagdade para explicar o que se terá passado com os seus filhos em Portugal, garante ter já contratado um advogado para formalizar uma queixa contra o "gangue de seis agressores" que garante "partiu o nariz" de um dos filhos.

O Ministério Público não tem conhecimento de qualquer queixa formal apresentada, quer pelo embaixador, quer por qualquer um dos seus filhos.

O que se conhece é a reação do antigo representante diplomático do Iraque no nosso país.

Diz ter "a maior raiva, choque e tristeza pela violência bárbara", mostra-se "horrorizado com as agressões", e realça "a generosidade e bondade dos portugueses".

A Polícia Judiciária está a aguardar autorização médica para interrogar Rúben Carvalho e realizar exames pericias que possam ser usados como prova num possível julgamento.

As agressões são crime público e não necessitam de queixa para resultarem num processo. A família de Rúben vai assumir queixa cível.
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