Ricardo Salgado constituído arguido na Operação Marquês

por RTP
Ricardo Salgado fotografado em 2012 durante uma conferência de apresentação de resultados do Banco Espírito Santo Pedro A. Pina - RTP Online

O antigo número um do BES está a ser ouvido esta quarta-feira no Departamento Central de Investigação e Ação Penal no quadro da Operação Marquês, que envolve José Sócrates. Foi constituído arguido no processo, suspeito da prática dos crimes de corrupção, branqueamento e fraude fiscal qualificada, entre outros.

A informação foi confirmada pela Procuradoria-Geral da República, numa nota enviada ao início da tarde às redações.

"O arguido é suspeito da prática de factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada", refere o comunicado. Ricardo Salgado está a ser interrogado pelo procurador Rosário Teixeira e pelo inspetor da Autoridade Tributária Paulo Silva.

Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, continua a ser ouvido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em Lisboa. O interrogatório decorre no âmbito da Operação Marquês, que envolve José Sócrates.

Carlos Santos Silva, Armando Vara, Joaquim Barroca, João Perna e Paulo Lalanda e Castro são alguns dos nomes envolvidos na investigação que já ditou a prisão preventiva – durante nove meses - do antigo primeiro-ministro socialista.

Margarida Neves de Sousa - RTP

O antigo banqueiro já era arguido na Operação Monte Branco, desde julho de 2014, e também do processo do universo Espírito Santo desde julho de 2015. Passa a ser o 20.º arguido da Operação Marquês.

No âmbito das investigações ao processo Espírito Santo, foram reconstituídos circuitos financeiros da Espírito Santo Enterprises. Através de uma carta rogatória, pedida às autoridades suíças, foram conhecidos os pagamentos a administradores de empresas com capital do BES e do Universo Espírito Santo, segundo apurou a RTP. Entre os administradores incluem-se os nomes de Zeinal Bava e Carlos Santos Silva.

Poderão estar em causa pagamentos de “luvas” feitos através de contas da Espírito Santo Enterprises por contrapartidas de decisões que terão sido tomadas na governação de José Sócrates.

Em causa estará a transferência de cerca de 17 milhões de euros em contas de Carlos Santos Silva, amigo do antigo chefe de Governo. Suspeita-se que grande parte dessa quantia tenha vindo de sociedades com ligações ao Grupo Espírito Santo.

De recordar que as conclusões da Operação Marquês deverão ser apresentadas em março de 2017. Em setembro último, a Procuradoria-Geral da República tinha cedido mais seis meses para a realização de novas diligências “consideradas imprescindíveis” ao processo.
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