Albuquerque enfrenta manifestação de lesados do Banif e assume não poder resolver o problema

por Lusa

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, enfrentou hoje, no Funchal, uma manifestação dos lesados do Banif, a quem disse que não pode resolver o problema, apenas fazer as diligências para ajudar as pessoas.

"Eu não posso mentir a vocês. Eu já vos recebi lá em cima [na Quinta Vigia, sede da presidência do governo]. Vocês entregaram-me cartas e eu mandei as cartas ao senhor Presidente da República e ao senhor primeiro-ministro. E vou continuar a fazer as diligências", disse Miguel Albuquerque.

Várias dezenas de pessoas participaram hoje numa manifestação, promovida pela Associação dos Lesados do Banif (ALBOA), que começou junto à Quinta Vigia e terminou à porta da principal agência do Santander Totta, instituição que adquiriu o Banif em dezembro de 2015 por 150 milhões de euros.

Pelo caminho, os manifestantes passaram pelo Palácio de São Lourenço, sede do representante da República para a Madeira, onde, naquele momento, cerca das 12:30, se encontrava também o presidente do Governo Regional.

Os lesados não arredaram pé e solicitaram, de megafone em punho, que Miguel Albuquerque tivesse a "amabilidade" de vir falar com eles, porque, diziam, "nós não somos criminosos".

"Estamos a falar de poupanças das pessoas, confiadas a um banco estatal", salientou o dirigente da ALBOA Daniel Caires, vincando que as pessoas estão "completamente desesperadas".

O presidente do Governo Regional acabou por sair do Palácio de São Lourenço e dirigiu-se aos manifestantes, a quem disse que nada pode prometer, a não ser que vai "tentar ajudar".

Depois, falando aos jornalistas, o chefe do executivo explicou que há diligências no sentido de "tentar que as pessoas sejam ressarcidas", mas sublinhou que a situação é "complicada" e que depende das instituições financeiras e do Banco de Portugal.

Miguel Albuquerque disse, por outro lado, que não dispõe de qualquer indicação do Governo da República sobre o caso dos lesados do Banif.

Quanto ao facto de o Santander Totta ter oferecido 500 mil euros à região autónoma, para ajudar no processo de reconstrução após os incêndios da segunda semana de agosto, e simultaneamente manter-se inflexível no caso dos lesados, Albuquerque respondeu: "não podemos colocar em termos tão simplistas uma situação que é tão complexa".

Os manifestantes atravessaram várias ruas do centro do Funchal batendo tachos e empunhando cartazes com inscrições como "Não queremos esmolas, apenas aquilo que é nosso", "No roubar é que está o ganho" e "De que serve poupar? Mais vale roubar!"

Daniel Caires lembrou que 30% dos lesados do Banif são da Madeira, o que representa cerca de 800 famílias.

"Precisamos que o Governo Regional bata com o murro na mesa e diga que estas pessoas precisam de ajuda", declarou, realçando que o Estado, enquanto entidade que era dona do banco, deve assumir os custos com o processo dos lesados.

A ALBOA representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco, bem como 4.000 obrigacionistas Rentipar (`holding` através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.

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