"É prematuro ficarmos assim tão felizes"

por Rui Sá, João Fernando Ramos

O défice das contas públicas no primeiro semestre ficou em 2,8%. Segundo o ministro das Finanças , um número que ai continuar a diminuir no segundo semestre. Mário Centeno olha o que há ainda para pagar e o que tem o Estado para receber e diz-se confiante.
"fica provado que fazer apenas o que nos mandavam (troika) deu mau resultado", diz Manuel Pizarro que defende que com uma nova política "o governo está a fazer um bom trabalho".
A oposição faz outras contas e lembra o que pensa o FMI que vaticina que no final do ano o défice será de 3%.
No Jornal 2 Nuno Vieira e Brito diz que de facto "é prematuro ficarmos assim tão felizes" e lembra que há outros números para que é necessário olhar - o do crescimento "que está anémico" e o das exportações "que estão a cair".

Em entrevista esta sexta feira ao Jornal Público, Subir Lall, o chefe de Missão do FMI para Portugal também faz contas: o défice vai ficar nos 3% e acrescenta que "já é tarde para tomar medidas para corrigir o défice este ano".

A sugestão do organismo: 1800 milhões de euros de austeridade adicional até 2018.

Como conseguir o numero: manter os cortes salariais e o regressar às 40 horas na função pública, apostar na redução do número de funcionários públicos cortando na taxa de substituição dos que saem por reformam.

Manuel Pizarro não acredita na formula. O socialista afirma que essa formula não foi capaz de permitir ao país cumprir com os compromissos internacionais "que pelos vistos o governo do PS (com outra abordagem) vai cumprir pela primeira vez desde 2011". Pizarro afirma que conduzir as pessoas "à ruína financeira não produziu resultados para além do castigo àqueles de que se dizia estavam a gastar acima das suas possibilidades".

O Fundo Monetário Internacional olha também para o crescimento. Recomenda a flexibilização dos contratos de trabalho sem termo, quer no setor público, quer no privado, como forma de o facilitar.

No primeiro semestre do ano, segundo os números finais do Instituto Nacional de Estatística o crescimento fixou-se em 0,9% do Produto Interno Bruto.

A oposição lembra que este valor é exatamente metade do que o governo inscreveu nas suas previsões para o ano corrente, e não acredita que este possa recuperar o suficiente no segundo semestre para que a meta seja cumprida.

No Jornal 2 o centrista Nuno Vieira e Brito lembra que "sem crescimento não teremos futuro e comprometemos o défices no futuro. Temos que ter outras políticas para controlar o défice que não comprometam o investimento público e a aposta nas empresas exportadoras".

A esquerda tem outra leitura dos números. Fala em vitória da estratégia de devolução de rendimentos e pede reforço da dose já no próximo ano.
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