Governo acusa PS de má-fé sobre consequências do dossié Novo Banco

por Augusta Henriques

Foto: REUTERS/Hugo Correia

O Governo reafirma que o défice público não será afetado pelo dossié Novo Banco e acusa o PS de insistir no assunto por má-fé.

O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, afirmou, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, que "tem havido má-fé da parte do Partido Socialista na abordagem da questão da contabilização ou não da capitalização que o fundo de resolução fez para o Novo Banco".

O responsável lembrou que a contabilização dos 4,5 mil milhões de euros que o Estado emprestou ao fundo de resolução do BES "ainda está para ser decidida pelo Eurostat para efeitos de défice" e que tal "não passará de um mero registo contabilístico nas contas de 2014 sem qualquer impacto para o cumprimento das metas a que Portugal estava e está obrigado" por parte da União Europeia.

Para Marques Guedes, a "má-fé do PS só pode ser explicada com algum peso na consciência que tem relativamente à maneira como lidou com o processo do BPN, aí sim, através de uma nacionalização que impactou diretamente com responsabilidades para o contribuinte nacional de muitos milhares de milhões de euros, o que não acontecerá no caso do BES".

Segundo o ministro da Presidência, o PS está "a tentar aproveitar o clima pré-eleitoral" e a tentar "criar alguma dúvida ou valoração negativa por parte das pessoas de que afinal isto terá impacto para o contribuinte português".

Venda do Novo Banco não é um "caso desesperado"

Sobre a negociação em curso por parte do Banco de Portugal com os três interessados na compra do Novo Banco (Anbang, Fosun e Apollo), o ministro disse que se o Banco de Portugal entendeu "não concluir o negócio com aquele que tinha melhor proposta inicial [Anbang]", isso só quer significar que "há uma defesa daqueles que são os verdadeiros interesses do sistema financeiro no seu todo e do novo banco em particular", ao contrário "de algumas vozes que dizem que há desespero ou orientação para que o banco seja vendido a todo o custo".

Quanto à data para ser realizada a operação, Marques Guedes disse confiar que o Banco de Portugal "está a trabalhar na defesa de critérios rigorosos", acrescentando que o Governo "tem a noção que todo este processo quanto mais depressa for resolvido mais depressa se entra numa situação de normalidade".
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