Juntos pelo Povo procura eleger deputados depois do sucesso na Madeira

por Christopher Marques

Depois do sucesso na Madeira, o Juntos pelo Povo parte à conquista do país. Este “movimento de cidadãos”, como o apresentou Nélson Veríssimo, procura agora “alcançar um vínculo nacional”. O Juntos Pelo Povo concorre em 14 círculos eleitorais, com a ambição de conseguir eleger deputados, depois de ter sido a grande surpresa das eleições regionais da Madeira. O movimento controla já cinco autarquias e tem cinco deputados eleitos no parlamento da região autónoma.

A vitória do Juntos pelo Povo na região autónoma da Madeira é inegável. “Somos a terceira força política da Madeira, estamos à frente do Partido Socialista”, relembrou Nelson Veríssimo. Agora que o partido parte à conquista do eleitorado nacional, o objetivo está bem traçado.

“Pretendemos motivar os cidadãos para a vida política, para a participação na gestão da coisa pública e cativar os que estão desiludidos com os partidos do arco da governação”, explicitou o cabeça de lista do JPP no círculo eleitoral da Madeira.

De objetivo traçado, mas sem ilusões. Na entrevista à Página 2, o professor universitário admite que é mais difícil conseguir um bom resultado a nível nacional, uma vez que este é um movimento recente e que surgiu na Madeira. Apesar de chegar da região autónoma, garante que o JPP “nasce com um discurso nacional” e procura “uma política de proximidade com os cidadãos”.
"Uma voz diferente"
Veríssimo aponta que a relação de proximidade com as populações é a grande diferença entre a governação que o JPP tem efetuado nos concelhos que agora governa, face ao que acontecia anteriormente.

“Sentir os anseios e as preocupações das pessoas, estar próximas delas, nos sítios mais recônditos e tentar resolver esses problemas”, aponta.
“Sentir os anseios e as preocupações das pessoas, estar próximas delas, nos sítios mais recônditos e tentar resolver esses problemas”

“Queremos trazer esta mensagem para o continente, mas reconhecemos que é difícil”

Perante as dificuldades, Veríssimo diz ter consciência que o JPP não será governo. Também não esse o objetivo do partido.

“Queremos ser uma voz na Assembleia da República, uma voz diferente que não se perca em temas que não interessam aos portugueses. Uma voz que levante os reais problemas da sociedade portuguesa e que contribua para a solução”
Plafonamento da Segurança Social

O Juntos Pelo Povo não é indiferente à atual polémica em torno dos números do desemprego. Em entrevista a João Fernando Ramos, o historiador e professor universitário ressalva que as estatísticas sempre permitiram leituras diversas. “Mas há uma leitura incontestável: perderam-se, nos últimos quatro anos, 260 mil postos de trabalho”,

O problema de Portugal, defende Veríssimo, não é tão financeiro mas sobretudo económico. O candidato considera que o país tem grandes possibilidades a nível de turismo e noutras áreas como o calçado e em alguns produtos agrícolas. "Há uma leitura incontestável: perderam-se, nos últimos quatro anos, 260 mil postos de trabalho"

Sobre a segurança social, Veríssimo ressalva que é preciso saber onde é aplicado o dinheiro da segurança social, dizendo ainda que houve dinheiro que foi investido em aplicações financeiras que tiveram maus resultados.

“É necessário apurar responsabilidades nesse domínio e travar a má aplicação dos dinheiros da Segurança Social em domínios difíceis de prever”.

Nelson Veríssimo defende um plafonamento da Segurança Social, considerando que é necessário criar um limite máximo para as reformas pagas pela Segurança Social. “O sistema como está, com reformas demasiado baixas e outras demasiado altas, não é possível de manter”, assegura.

Na saúde, o Juntos Pelo Povo defende o sistema atual, com presença de instituições públicas e privadas. No entanto, Veríssimo considera que é importante combater a “promiscuidade” com o setor privado na saúde.“O sistema como está, com reformas demasiado baixas e outras demasiado altas, não é possível de manter

O JPP defende ainda que a habitação permanente não deve ser penhorável e que a saúde oral deve ser incluída nos centros de saúde.

O Juntos pelo Povo, representado por Nelson Veríssimo, foi o quinto partido sem assento parlamentar a explicar as suas prioridades no Página 2.

Na próxima segunda-feira, Joana Amaral Dias (Agir) é a entrevistada de João Fernando Ramos.
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