Madeira reclama regime fiscal próprio na próxima legislatura

por Carlos Santos Neves - RTP
“A região precisa de encontrar novas fontes de financiamento do Orçamento”, justificou ao <i>Público</i> o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque Homem de Gouveia - Lusa

O Governo Regional da Madeira vai avançar na próxima legislatura com a proposta de um regime fiscal próprio, um projeto herdado de Alberto João Jardim. A notícia é avançada este domingo pelo Público. Ouvido pelo diário, Miguel Albuquerque justifica a iniciativa com a necessidade “encontrar novas fontes de financiamento” sem “onerar os contribuintes madeirenses”.

A proposta, escreve o Público, congrega consensos políticos na Região Autónoma e contará com o patrocínio de Pedro Passos Coelho. De resto, o primeiro-ministro terá mesmo já assumido “o compromisso de apoiar o diploma na próxima legislatura”, lê-se nas páginas do jornal.O projeto madeirense propõe, entre outras medidas, um quadro de incentivos fiscais que incluem uma taxa de IRC a 12,5 por cento e uma redução de 30 por cento em sedes de IRS e IVA.


“A região precisa de encontrar novas fontes de financiamento do Orçamento, sem onerar os contribuintes madeirenses, nem exigir mais meios financeiros ao Estado”, argumenta o sucessor de Jardim na presidência do Governo Regional da Madeira.

Para Miguel Albuquerque, “há muito” que o país insiste “num equívoco”: é a fiscalidade, defende o governante insular, que deve adaptar-se a cidadãos e empresas.

A proposta de um regime fiscal próprio para a Madeira, lembra o Público, teve direito a discussão parlamentar no início de 2015, mas acabou por não ser votada e caducar - a dissolução da Assembleia Legislativa regional havia já ocorrido no final do ano anterior, após a demissão de Alberto João Jardim.
“Entendimento transversal”
Ainda segundo Miguel Albuquerque, “é fundamental que haja um entendimento transversal, sobre esta questão, por parte da opinião pública”.

O presidente do Governo Regional da Madeira contesta que um tal projeto venha a agravar a carga global de impostos no país.

“A Madeira tem de suportar, através dos impostos cobrados na região, as despesas elevadíssimas com a educação, saúde pública, financiamento da administração regional, investimentos e manutenção de infraestruturas, e se conseguir um quadro fiscal atrativo que permita a receita necessária e suficiente para o efeito, ganha a região e ganha o país”, enfatiza.
“Um modelo fiscal competitivo”
Em cima da mesa, adiantou Albuquerque ao Público - sem mais detalhes -, estará “um modelo fiscal competitivo e eficiente, atraente para os investidores e empreendedores que desenvolvam atividades que gerem emprego, atividades de valor acrescentado e mais-valias para um crescimento económico desejável”.

“A nossa estrutura económica é diferente da do continente, muito devido à descontinuidade territorial e à ultraperificidade. Temos uma economia de serviços, assente no turismo e no Centro Internacional de Negócios”, reforçou o governante.

Da autoria do deputado do PSD Miguel de Sousa, vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, a proposta prevê, além dos incentivos no IRS e no IVA, uma redução de 60 por cento à coleta de IRC para empresas que criem postos de trabalho, diversifiquem a economia ou projetem a região no mundo.
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