Marcelo volta a prometer estabilidade. Pelo menos até às autárquicas

por Carlos Santos Neves - RTP
Marcelo Rebelo de Sousa durante a visita ao Comando das Forças Terrestres, na Amadora João Relvas - Lusa

Quem aguarda um terramoto político com epicentro em Belém antes das próximas eleições autárquicas, no outono de 2017, está a alimentar uma esperança vã. Foi o que afiançou esta terça-feira o Presidente da República, após uma visita ao Comando das Forças Terrestres. Mas haverá agora uma nuance a reter: após a definição do mapa autárquico, Marcelo Rebelo de Sousa verá “o que é que se passa”.

“Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas. Depois das autárquicas, veremos o que é que se passa. Mas o ideal para Portugal, neste momento, é que o Governo dure e tenha sucesso”, declarou Marcelo, em resposta a perguntas dos jornalistas que o acompanharam até à Amadora.Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, os mercados vivem debaixo de uma “permanente agitação dos analistas”.


Ainda sobre as relações com o primeiro-ministro, António Costa, o Presidente quis sublinhar que “o Governo existe para durar uma legislatura”, ou seja, quatro anos.

“Há claramente um ciclo político marcado pelas autárquicas e, portanto, estar a especular sobre instabilidade política nesse ciclo não faz o mínimo sentido”, reforçou Marcelo Rebelo de Sousa, que seria questionado, em seguida, sobre o que pensa fazer uma vez contados os votos do próximo processo eleitoral.

“Quer dizer que o que é importante é que o Governo dure e que tenha sucesso. Não aproveita a ninguém o insucesso do Governo”, retorquiu.
“Aquilo que faz crescer a economia”

O país, continuou o Presidente da República, só poderá acautelar a “formação bruta de capital fixo”, tendo em vista “aquilo que faz crescer a economia”, se tiver estabilidade. E “só há essa estabilidade se houver estabilidade política”.

“O Presidente da República não vai contribuir para a instabilidade política”, repetiu.

“Faz parte da lógica dos analistas e das oposições acharem que é bom haver uma especulação sobre o que é que se passa em termos de relações entre o Presidente e o Governo. A posição é muito simples: não é preciso haver instabilidade em Portugal, é preciso, pelo contrário, haver estabilidade em Portugal. Nós precisamos de estabilidade política, económica e financeira”, insistiu o Chefe de Estado.
“Permanente agitação”
Marcelo foi também questionado sobre a mais recente análise da agência de rating Moody’s às contas portuguesas, que apontam para um défice de três por cento em 2016. “Não há dados novos”, reagiu. Mas não ficou por aqui.

O Presidente perguntar-se-ia como é possível esperar estabilidade nos mercados quando “todos os dias há analistas, comentadores e especuladores que se interrogam sobre o que vai acontecer ou não na evolução da economia e das finanças portuguesas”.

“Por um lado quer-se a estabilidade e por outro especula-se sobre a instabilidade”, notou.

“Ainda ontem as bolsas todas sofreram e sofrem por causa dessa permanente agitação dos analistas”, carregou o Presidente da República.

Quanto às palavras que quererá fazer chegar aos alemães, durante a visita oficial a Berlim, nos dias 29 e 30 de maio, Marcelo Rebelo de Sousa resumiu: “Eu espero que, por um lado, a Europa perceba o esforço que os portugueses fizeram e os sacrifícios por que passaram e espero que a Europa não puna os portugueses a propósito do défice do ano passado”.

Em suma, aquilo com que a Europa pode “contar por parte do Presidente da República português é estabilidade política e governativa”.

c/ Lusa
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