Fotografia: Nuno André Ferreira - Lusa
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, acusou o Governo de perder imenso tempo a desfazer os "papões" que vai criando, incutindo assim nos portugueses a ilusão de que com isso o país está "a ganhar imensas coisas". Críticas do líder da oposição feitas este sábado à noite, num jantar que assinalou o Dia do Trabalhador.
Na sua intervenção num jantar promovido pelos trabalhadores social-democratas, que decorreu esta noite em Viseu, Passos Coelho apontou como exemplo a forma como o Governo abordou a questão do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
Ao longo de mais de meia hora, o líder social-democrata aludiu ao Programa de Estabilidade, sublinhando que o Governo só diz "o que não está lá" em relação ao IVA, ao Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), a salários e pensões.
"Poupou-se o aumento do IVA como se alguém tivesse pedido o aumento do IVA, preparam-se para dizer que vão poupar multas europeias, mas já ouviram a Comissão Europeia ameaçar com multas? Hoje um jornal fala nas multas em que ninguém tinha ouvido falar e daqui a uns dias ou semanas temos o Governo a dizer que salvou o país das multas e que é uma coisa muito importante", referiu.
"Mas depois não sabe porque não está lá, o que deve garantir, segundo o Governo, a descida da despesa pública e o aumento da receita. O Programa de Estabilidade diz que a receita vai aumentar muito e a despesa vai baixar para um nível tal que não há nenhum país na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] que tenha com percentagem do PIB uma despesa tão baixa do Estado, mas então a gente pergunta como vai fazer isso?", questionou.
"Nós no passado, infelizmente, tivemos de dar a cara por essas políticas difíceis: não andámos a dourar a pílula. Era preciso tomar medidas difíceis e nós tomámo-las e dizíamos quais eram", acrescentou.
No seu entender, é muito difícil um Governo criar confiança quando não assume as próprias políticas a seguir.
De acordo com Passos Coelho, quem ouve o Governo e a maioria falar "fica com a convicção de que tudo vai correr muito bem".
"Mas tudo o que é importante para que corra bem não é dito, não é escrito, nem comunicado aos portugueses, nem vem em nenhum anexo esconso ou em discurso direto", concluiu.
c/Lusa
