Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Ramalho Eanes propõe pacto estratégico para o país

por Maria Flor Pedroso

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes percorreu, em entrevista à Antena 1, os contornos do pacto estratégico para o país que propôs dois dias antes do 25 de Abril, numa iniciativa do PSD em Santarém que teve a presença de Pedro Passos Coelho.

Nesta entrevista à rádio pública, o antigo Chefe de Estado explica e detalha a ideia que reconhece não ser muito diferente daquela que Marcelo Rebelo de Sousa propôs no 25 de Abril.
"Este pacto é para dez, 20 anos. Em democracia quem está no poder hoje não está amanhã. É para ser discutido agora e para se implementar quando houver condições políticas para isso".
Política externa, europeia e financeira, Saúde, Segurança Social, Educação e Justiça são áreas de consenso generalizado. E Ramalho Eanes cita Jacques Delors: "Não será difícil pormo-nos de acordo sobre o essencial".

Lembra também que todos os partidos, empresários e parceiros sociais falam desta necessidade. Para se questionar por que motivo o país não "passa à ação".

No mesmo registo afirma que só esta maioria "pode [estabelecer um acordo] mas um pacto desta natureza exige participação de maior dimensão, com todos os principais partidos".

Ao expressar esta ideia garante que não está a propor um Bloco Central. Trata-se de uma "estratégia que englobe todos, partidos e sociedade civil".
Elogios a Jerónimo

Na entrevista à editora de Política da Antena 1, Maria Flor Pedroso, o antigo Presidente da República, apoiante de Sampaio da Nóvoa nas últimas eleições presidenciais, faz um balanço positivo das primeiras semanas de mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e elogia também Jerónimo de Sousa, ao dizer que o líder do PCP revelou coragem quando apoiou uma solução de governo do PS.

António Ramalho Eanes, nos 42 anos do 25 Abril, 40 da Constituição e a um mês de celebrar os 40 anos da sua eleição como Presidente da República, homenageia Jerónimo de Sousa "com a alteração verificada no PCP", que "é muito mais notável" do que a operada no seio do Bloco de Esquerda.

A propósito, o antigo Presidente considera que o secretário-geral dos comunistas "revela uma enorme coragem" ao apoiar este Governo, "mas ele não pode de repente cortar com o passado. Tem sido inteligente nesta metamorfose".

Questionado sobre o facto de nem sempre acompanhar o PS, tal como o BE, como aconteceu no Programa de Estabilidade, Ramalho Eanes afirma que "aquilo que aconteceu é importante, é significativo e merece o nosso louvor".
Marcelo tem estado bem

Sobre o atual Presidente, considerou que, até agora, Marcelo Rebelo de Sousa tem estado bem no essencial: "Pode contar com o meu apoio de um homem livre".

O antigo Presidente ainda teve tempo para lembrar a necessidade da criação de um clima de pacificação, de consensos mínimos, de promover o interesse dos jovens na política e a existência de um mínimo de dignidade, porque "não pode haver pessoas sem salário, não pode haver pessoas na miséria".

Eanes apoiou Cavaco Silva por duas vezes, em 2006 e 2011. Reconhece que o antecessor de Marcelo se preocupou sempre com o país. Mas diz também que "o anterior Presidente devia ter optado pela decisão do Parlamento [para a atual solução governativa] sem grande relutância".
pub