Astronautas a bordo da EEI já "encheram" módulo residencial

por Nuno Patrício - RTP
Foto: NASA

O módulo experimental habitacional da NASA já está cheio. Depois de acoplado e verificado que tudo estava correcto, o centro de operações na Terra deu ordens para encher, novamente, o módulo BEAM.

Desta vez tudo correu como inicialmente previsto. O módulo de atividade expansível Bigelow Expandable Activity Module (BEAM) já está praticamente pronto para ser usado.

O BEAM é uma nova tecnologia de habitat expansível construída para ser utilizada na Estação Espacial Internacional. Depois de um processo que durou várias horas, o módulo foi insuflado e progressivamente tomou a sua forma oval.


 
O processo demorou mais de oito horas até tomar a forma definitiva. Créditos: NASA

Esta foi a segunda tentativa da NASA, depois de na passada quinta-feira os astronautas terem recebido ordens para abortar a injetacção de ar no "balão" espacial.

As ordens que chegavam do centro de comando na Terra iam no sentido de progressivamente e de forma muito lenta abrirem a torneira que permitia a entrada de ar no módulo.

Inicialmente eram administradas injecções de três, quatro segundos no máximo, sempre operadas pelo astonauta Jeff Williams. Oito horas após e quase no termo do processo, a ordem de injeção de ar era um pouco superior, chegando aos dez segundos.

 Um processo que com o tempo dariam a forma final ao BEAM.


Quem executou sempre o controlo de enchimento foi o astronauta americano Jeff Williams aqui na imagem. Créditos: NASA TV

Eram 21horas e 45 minutos hora de Lisboa quando o módulo BEAM foi dado como pespandido e pressurizado.

Finda a fase 5, o BEAM vai ser monitorizado, durante uma semana, e só depois haverá luz verde para abrir a porta que levará pela primeira vez os astronautas ao interior do módulo.

Este tipo de equipamento é especialmente útil em missões espaciais, sendo que a quantidade de volume de transporte é um dos fatores fundamentais. Com o êxito do BEAM, o uso de habitats expansíveis vai permitir diminuir consideravelmente o peso e transporte de modulos para missões espaciais futuras.

Estes "expansíveis" são tão leves e com uma carga volumétrica tão pequena que libertam espaço e permitem um menor consumo dentro do foguetão que os leva para o espaço.



Após a colocação no local e após ser cheio de ar, tal como um balão, este módulo espacial fornece uma área confortável para os astronautas que vivem e trabalham quer no espaço, quer numa futura base espacial num planeta, satélite natural ou asteróide.

Além de servir como zona habitacional, este tipo de módulo fornece um grau variável de proteção contra a radiação solar e cósmica, detritos espaciais, oxigénio, radiações ultravioletas e outros elementos do ambiente espacial.


Créditos artisticos: NASA

O módulo insuflável esteve dois anos em testes e foi validado antes de ser enviado para o espaço.
Módulo BEAM - Factos e números:
  • O módulo embalado e vazio irá medir aproximadamente 2,4 metros de diâmetro.
  • Com o módulo expandido, as dimensões internas do BEAM fornecem cerca de 16 metros cúbicos de volume.
  • A massa do BEAM é aproximadamente de 3.000 kg.
  • O BEAM é composto por: duas anteparas de metal, uma estrutura de alumínio e várias camadas de tecido macio com espaço entre camadas, de forma a proteger o sistema interno de contenção.
  • O módulo experimental não tem janelas.
  • O BEAM está acoplado à secção traseira do nó do modulo espacial americano “Tranquility” na Estação Espacial Internacional.
  • A duração prevista de uso deste equipamento é de dois anos.
  • O módulo BEAM é equipado com vários sensores e monitores de radiação.

Base humana em Marte com o BEAM
Uma viagem a Marte, ainda que cada vez mais real, continua a ser apresentada como complexa e cheia de desafios que devem ser resolvidos antes de enviar os primeiros astronautas para o planeta vermelho.

Mas, paralelamente e de forma antecipada, é necessário que vários foguetões repletos de carga e suprimentos sejam enviados antes mesmo da chegada das equipas espaciais.

É precisamente neste cenário que os módulos expansíveis são uteis e podem aumentar a eficiência das transferências de carga, reduzindo o número de lançamentos necessários e custos da missão global.
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