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O Conde d´Abranhos

Fraquezas da carne

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Fraquezas da carne

Episódio 8 de 13 Duração: 50 min

Na casa de Alípio espera-se dia após dia, minuto após minuto que o governo caia. É uma espera que descontrola os nervos e não admira que as pessoas façam coisas sem pensar. Coisas que quando a cabeça arrefece nem se acredita que tenham sido pensadas quanto mais realizadas. Foi o caso da Fradinho. Nem ela sabe como foi mas quando deu por si estava nos braços do bacharel Tavares enquanto o marido se entretinha a jogar voltarete com o desembargador Amado e o Coronel Serrão. Juraram amor e fidelidade. O que era impossível. Amor vá que não vá, mas fidelidade era coisa que não estava nem da mão de um nem de outro. Ao mesmo tempo Alípio dava conta que a mulher lhe faltava na cama. Não é que o incomodasse por aí além, que um homem quando está com a cabeça ensarilhada de preocupações políticas nem pensa em delírios amorosos, mas era estranho. Não havia noite que Virgínia não se escapasse e quando regressava, quase pela manhã e o apanhava acordado a desculpa era sempre a mesma. O bébé chorava e ela deixara-se dormir ao lado dele.

Acreditou até á noite em que a insónia o despertou. Resolveu ir ao escritório apontar ideias que lhe haviam sobressaltado o sono para um futuro discurso político quando ao passar no quarto dos hospedes ouviu gemer. Gemia-se baixinho, é certo. Não havia nada de escândalo como mais tarde se justificou mas gemia-se e resolveu espreitar. Nem queria acreditar. O
sorumbático Doutor pulava que nem um corcel em cima da sua Virgínia que gemia e berrava de prazer. O entusiasmo do par era tal que não pararam quando Alípio entrou e perguntou estupidamente: "Mas o que é que se passa aqui?"

Nessa noite jurou vinganças. Como homem de honra que era, expulsou o Doutor e ainda estendeu a mão para esbofetear a Virgínia mas interrompeu a agressão quando se lembrou que não se bate em dinheiro. Virgínia era acima de tudo a sua carreia e, por isso, em voz embargada mandou-a para o quarto. Não conseguiu dormir o resto da noite. O sangue pedia-lhe vingança, a razão pedia-lhe calma. Quando o sangue falava, decidia que no dia seguinte iria entregar a estouvada á beata da mãe. Quando a razão falava, lembrava-o que ia entregar o baú do ouro e implorava-lhe que ele se recordasse dos doridos e negros tempos em que era redactor da Bandeira. Depois vinha outra vez o coração e impelia-o a um duelo com o miserável do Doutor. Depois a razão dizia-lhe: Toma cuidado. E se ele sabe manejar a espada? E era verdade.

Quando ficou mais calmo percebeu que estava entre a espada e a parede. Largar a Virgínia era ficar sem dinheiro e havia valores tão grandes que uma mera aventura nocturna não podia pôr em causa. Sendo assim, como homem prático que era, tomou uma decisão. Aceitaria as desculpas de Virgínia.




Ficha Técnica

Título Original
O Conde d´Abranhos
Intérpretes
Paulo Matos, Sofia Alves, NIcolau Breyner, Rui Luis, Helena Coelho, Henrique Viana, entre outros
Realização
António Moura Mattos
Produção
Antinomia Prods.
Autoria
Francisco Moita Flores, baseado na obra de Eça de Queiroz
Música
Paco Bandeira
Ano
2000
Duração
50 minutos