ANTÓNIO DOS SANTOS por João Carlos Callixto

13 Jul 1964 - "Minha Alma de Amor Sedenta"

O nome de António dos Santos pode dizer pouco ao público de hoje mas as canções que escreveu perduram até à actualidade, com vozes como as de José Gonçalez, Ricardo Ribeiro ou Marco Oliveira a darem-lhe novos fados. Neste “Gramofone”, vamos viajar a 1964, com “Minha Alma de Amor Sedenta”, um texto do investigador histórico Mascarenhas Barreto.

Inicialmente, António dos Santos tornou-se conhecido pelos fados de cariz jocoso, tendo aliás gravado um EP em 1959 dentro desse registo, em que era acompanhado por Carvalhinho e Martinho d'Assunção e que tem por título “Um Congresso de Gatos”. Pouco antes, tinha aberto um restaurante em Alfama que se tornaria conhecido como “O Cantinho do António”, onde brindava os presentes com as novas canções que ia escrevendo, num registo próximo da balada.

Em 1964, o segundo registo discográfico de António dos Santos abria precisamente com o nosso tema de hoje, aqui captado pela RTP no programa “Alfama à Noite”, em que também participou Ada de Castro. Fruto de um novo contrato, desta vez com a Valentim de Carvalho, esse disco marcava o início da fase mais lembrada daquele que fôra um dia da Marinha Mercante. A temática do mar fez aliás sempre parte da sua obra: em 1968, no seu quarto disco, inclui "Gaivotas em Terra", com texto mais uma vez de Mascarenhas Barreto, como acontece com duas das suas músicas mais conhecidas e também incluídas nesse disco: "Partir É Morrer um Pouco" e "Fado É Canto Peregrino".

A obra discográfica de António dos Santos fecha na década de 70 com a edição dos seus dois únicos álbuns, o primeiro pela Philips e o segundo no selo Roda, este já depois da Revolução de Abril. Ambos permanecem esquecidos na memória do vinil, mas a nossa música de hoje foi já várias vezes trazida ao presente, nomeadamente por Beatriz da Conceição, por Alcindo de Carvalho e por Mísia.