ARTUR GARCIA por João Carlos Callixto

25 Fev 1967 - "Porta Secreta"

Artur Garcia é um dos nomes mais conhecidos no panorama da música ligeira na década de 60 e teve várias participações no Festival RTP da Canção. No entanto, nunca viria a vencer o certame, sendo esta “Porta Secreta” em tons pop com que participa em 1967 o seu momento mais recordado. A imprensa da época alimentava supostas rivalidades com António Calvário, mas, tal como acontecia com Madalena Iglésias e Simone de Oliveira, isso era algo que se passava sobretudo ao nível dos clubes de fãs, sempre aguerridos no que toca a defender os seus favoritos. Destes quatro nomes, Artur Garcia foi precisamente o único a nunca vencer o Festival RTP da Canção, embora o seu nome tenha chegado bem alto noutros concursos nacionais e estrangeiros.

O cantor tinha-se estreado em disco em 1960, na Rádio Triunfo, com um EP preenchido por originais do maestro João Nobre. O disco seguinte, em 1962, foi já editado pela Valentim de Carvalho e tinha duas versões estrangeiras. Um ano depois, no terceiro registo em nome próprio, juntavam-se dois originais de António José (letra) e Nóbrega e Sousa (música), para além de uma versão do brasileiro Dimas Sedicias e ainda “Bom Dia”, o tema de abertura, com letra de Nuno Fradique (então dos quadros da RTP) e música do maestro Alves Coelho Filho.

Em 1964 e 1965, Artur Garcia participa no 1.º e 2.º Festivais da RTP, estando nessa altura já de volta à editora Rádio Triunfo. Na televisão e em disco, é assídua a sua presença nos programas e gravações sob o mote “Melodias de Sempre”, em que várias canções do passado são recriadas pelos cantores mais em voga na década de 60. Dois anos depois, nova mudança editorial leva desta vez Artur Garcia para o selo espanhol Marfer, onde permanece até 1972 e onde grava a maior parte dos seus trabalhos.

O momento de hoje foi captado no 4.º Festival RTP da Canção, onde Artur Garcia se classifica em 5.º lugar com esta “Porta Secreta”, ainda hoje a sua canção mais recordada. A letra é novamente de António José, durante muitos anos responsável pelas versões em português para Marco Paulo, e a música de Carlos Canelhas, que um ano antes vencera o Festival da Canção como autor de “Ele e Ela”. A última participação de Artur Garcia no Festival ocorreria em 1974, com “Dona e Senhora da Boina”, mas o cantor continuou no activo até ao séc. XXI.