BEATNICKS por João Carlos Callixto

30 Jul 1978 -"Somos o Mar"

Boom do rock em Portugal, ano menos 2. Com os Beatnicks, em 1978, o Gramofone viaja hoje até um dos percursos mais longevos na nossa Música, que se prolongou da década de 60 à de 80, embora com vicissitudes e cisões – até no nome, que ganhou uma letra pelo caminho!

Fundados em 1965, ainda como Beatniks, os membros então eram estudantes do Liceu Gil Vicente, em Lisboa. Depois dessa formação inicial onde já estavam António Jorge Jacob de Carvalho, na voz, e João Ribeiro, na guitarra ritmo, juntaram-se rapidamente Manuel Pedro Massano Santos, na guitarra solo e também na voz, Justiniano Grilo, no baixo, e José Manuel Bandeira, na bateria. O grupo participa no famoso Concurso Yé-Yé do Monumental, onde se chega a classificar em 2.º lugar numa das eliminatórias.

Em 1970, João Ribeiro, agora na guitarra baixo, e o baterista Mário Ceia, que tinha entretanto entrado para os Beatniks, recrutam Zé Diogo (voz) e Rui Pipas (guitarra). O grupo participa logo no ano seguinte nos Festivales Bahia de Vigo e vence o Festival Pop de Coimbra, o que leva a um contrato com a editora Tecla, do maestro Jorge Costa Pinto. Aí publicam os dois primeiros discos, o EP “Cristine Goes to Town” e o single “Money”, com sonoridades próximas do hard rock.

Quando em 1972 João Ribeiro é chamado para a Guerra de África, o seu lugar é ocupado por Ramiro Martins, começando assim uma nova fase dos Beatnicks, agora já com o “c” no nome, e que é a que nos traz ao momento de hoje. O sucesso de então, numa altura em que o grupo chegou a incluir uma jovem Lena d'Água, mediu-se pelas participações em vários Festivais e concertos, como o Festival Rock dos Açores e a primeira parte do britânico Jim Capaldi.

Em 1978, aos três nomes essenciais desta fase - Tó Leal (voz), Jorge Casanova (guitarra) e Luís Araújo (bateria) - junta-se António Emiliano (teclas) e gravam então um single para a Rádio Triunfo, com este “Somos o Mar” (aqui captado pela RTP numa primeira parte de um concerto dos franceses Pulsar, no Pavilhão do Dramático de Cascais) e ainda com o atmosférico “Jardim-Terra”.

Já na década de 80, os Beatnicks gravam o único álbum da sua carreira. Chama-se “Aspectos Humanos” e estava já mais próximo de algumas linguagens new wave, numa altura em que o boom do rock português de que tinham sido precursores tinha trazido à ribalta uma série de novos cantores e grupos.