DOCE por João Carlos Callixto

5 Out 1980 - "OK KO"

O “Gramofone” de hoje mistura a sedução no feminino com o poder da pop, ao receber as Doce, em 1980. Estranhamente ou não, surgem num programa de eleições – as Legislativas de 1980, que haveriam de dar a vitória à Aliança Democrática e de confirmar Francisco Sá Carneiro como Primeiro-Ministro. Também Paulo de Carvalho, já com uma carreira a solo que contava então uma década, por lá passou.

No caso das Doce, a carreira era bem mais recente - tinha apenas uns meses, com os primeiros sinais públicos a chegarem no início desse ano de 1980. “Amanhã de Manhã”, que se haveria de tornar clássico da nossa canção pop, e “Doce”, com que o grupo concorre pela primeira vez ao Festival da Canção, mostram ao público a garra desta verdadeira girl band nacional.

Já em inícios de 70s, com o duo Elas (formado por Isabel e Paula Amora), e depois a partir de meados da década, com as Cocktail (por onde passaram Ágata, Maria Viana e Rita Ribeiro), tinha havido experiências com o formato de bandas no feminino. Mas Cláudio Condé e Tozé Brito, ambos da editora PolyGram, pensam em continuar o sucesso dos Gemini, grupo onde estava este último e que terminara no final de 1979. Assim, duas das vozes, Fátima Padinha e Teresa Miguel, passam para a nova formação, a que se juntam Lena Coelho, que também tinha passado pelas Cocktail, e Laura Diogo, que em 1979 foi Miss Fotogenia no concurso Miss Jovem Internacional, em Tóquio, no Japão.

A nata dos compositores nacionais escreveria para o novo quarteto, começando desde logo por Tozé Brito, Mike Sergeant ou José Cid. Na participação no Festival da Canção de 1981, com “Ali Babá”, eram António Avelar de Pinho e Nuno Rodrigues, da Banda do Casaco, a assinar o tema, tal como tinha acontecido com este “OK KO” de hoje, e que daria o título ao primeiro álbum das Doce. Em termos de Festivais, a vitória chega em 1982, com “Bem Bom”, de Pinho e dos irmãos Pedro e Tozé Brito. Dois anos depois, regressam, com “O Barquinho da Esperança” de Miguel Esteves Cardoso e Pedro Ayres Magalhães, numa certa toada pop mediterrânica que haveria mais tarde de encantar Sara Tavares.

Mas hoje é vez de as Doce nos porem KO com a sua música - elas sempre souberam como isso se faz!