JOSÉ MEDEIROS por João Carlos Callixto

25 Mar 1979 - "Pedrada no Charco"

Hoje o “Gramofone” viaja até às ilhas dos Açores, onde nasceu em São Miguel o músico e também realizador José Medeiros. Começando na década de 60, passa por grupos como Os Académicos, Os Bats e Phoenix, que não chegam no entanto a gravar. Depois de em 1977 assinar o tema “Carrocel”, para uma Cândida Branca-Flor em início de carreira, a sua estreia a solo dá-se precisamente com um single com a nossa canção de hoje.

“Pedrada no Charco” traz arranjos do guitarrista Armindo Neves, que estava também a dar os primeiros passos e que se via constantemente requisitado para gravações. Foi também ele a trabalhar com José Medeiros no seu segundo disco, o single “Vida Roseira”, de 1980, tendo ambos os registos sido publicados pela Rádio Triunfo.

O passo seguinte do cantautor veio através do grupo Rosa dos Ventos, que fundou com músicos como Telmo Palma, João Miguel ou Sérgio Mestre. Para a posteridade fica o álbum “Rimando contra a Maré”, editado pela Sassetti em 1983 e produzido por Eduardo Paes Mamede. “Ala-Bote” chega três anos depois e marca a estreia a solo em formato LP de José Medeiros, contando com alguns destes amigos mas também com Luís Pedro Fonseca ou Luís Gil Bettencourt.

O ano de 1986 traz também a estreia na RTP da série “Xailes Negros”, com realização do músico, que assinou o tema “O Bailado da Garça”, cantado por Suzana Coelho e publicado então em single. Outras séries de sucesso produzidas pela RTP Açores se seguiriam, como “Mau Tempo no Canal” ou “O Barco e o Sonho”, sempre indelevelmente ligadas à carreira multifacetada de José Medeiros.

Até aos dias de hoje, as colaborações com nomes como Dulce Pontes, Ala dos Namorados, Gaiteiros de Lisboa, Rui Veloso ou Helder Moutinho, para além de cantar com Filipe Pinto ou Bia nos respectivos registos de estreia, tornaram o músico num dos mais respeitados do panorama nacional. Em 2015, a edição do álbum “Aprendiz de Feiticeiro” traz consigo como bónus o filme “O Outro Lado do Espelho”, de Tiago Rosas, e que se debruça sobre o percurso de José Medeiros.

Recuemos então ao primeiro passo em disco do mesmo, com esta “Pedrada no Charco”, de 1978.