MADALENA IGLÉSIAS por João Carlos Callixto

21 Abr 1966 - "Caminhos Perdidos"

Madalena Iglésias foi uma das vozes mais marcantes da década de 60 portuguesa. Neste “Gramofone”, mostramo-la em “Caminhos Perdidos”, uma das três músicas que levou ao Festival RTP da Canção de 1966. Classifica-se em 6.º lugar, mas Madalena seria a vencedora da noite com o clássico “Ele e Ela”. Oportunidade assim para conhecer um momento menos recordado da carreira da cantora, que nos deixou em Janeiro deste ano.

Os primeiros passos em termos discográficos tinham ocorrido em 1959, pela mão da editora Alvorada, então uma das principais a nível nacional. Madalena Iglésias levava já mais de 20 discos editados quando chegamos a 1966, o que atesta também a sua enorme popularidade. A mudança de editora ocorrida por esta altura leva-a a um percurso bipartido e pouco comum entre nós - por um lado através da Tecla, do maestro Jorge Costa Pinto, e por outro através do selo catalão Belter. A América do Sul e em especial a Venezuela eram um mercado privilegiado e onde a cantora sempre teve um público fiel.

“Caminhos Perdidos”, a nossa música de hoje, é aqui apresentada ao vivo no programa “Canção É Espectáculo” (de Pedro Moutinho), já que não existe o momento do Festival da Canção com a respectiva apresentação. Enquanto “Rebeldia”, a outra canção da noite defendida por Madalena, fica em 3.º lugar, esta (com letra de António Sousa Freitas e música de Jaime Filipe e Tavares Belo) classifica-se em 6.º. “Ele e Ela” obteria, como sabemos, o 1.º lugar, confirmando mais uma vez os títulos já obtidos pela cantora nos concursos de rainha da rádio e da televisão.

A carreira de Madalena continuaria ainda até inícios de 70, com uma última participação no Festival da Canção em 1969. “Canção para um Poeta” fica dessa vez a meio da tabela, mas era já marca de uma mudança de reportório que então soprava na nossa música ligeira. No caso de Madalena Iglésias, os caminhos nunca se perderiam – e deixaram marcas até aos dias de hoje, apesar de grande parte do seu legado permanecer por redescobrir.