MÁRCIO IVENS por João Carlos Callixto

28 Dez 1969 - "That Old Black Magic"

O nome de Márcio Ivens é conhecido de todos os portugueses que viveram a década de 70: “Bilu Tetéia”, em 1976, foi um estrondoso sucesso em disco e na rádio. Mas a carreira do cantor brasileiro tinha começado bem antes e hoje o “Gramofone” recorda-o pouco depois da sua chegada a Portugal, em 1969, com uma versão de “That Old Black Magic” captada no programa “Riso & Ritmo”.

Recuemos uns anos mais ainda: em 1962, no seu Brasil natal, assinando como Ivens Patrianova, o cantor vê editado o seu primeiro disco. Em 78 rotações, pelo selo Discobrás, saem então as músicas “Mãos Nervosas” e “Canção dos Velhinhos”. O sucesso é quase imediato e logo nesse ano Márcio Ivens muda para a editora Polydor, que publica novo disco de 78 rotações, com “Tristeza Bonita” e “Sei Perder” – esta última uma versão da velhinha canção americana “Born to Lose”, que Ray Charles voltara a interpretar nesse ano de 1962.

A carreira de Márcio Ivens conhece então uma fase de duetos, primeiro com Sônia Delfino, em 1963, numa versão de “Hey Paula”, e logo depois num EP com Selma Rayol, encabeçado pelo tema “Cirandinha Moderna”. Esta cantora era irmã de Agnaldo Rayol, uma das vozes românticas de maior sucesso da música brasileira, e assinava nesta fase como Márcia, apresentando-se portanto o duo com o nosso cantor como Márcio & Márcia.

A fase seguinte da carreira de Márcio Ivens desenrola-se na Argentina, onde conhece sucesso também na televisão, ao apresentar um programa musical de nome “Chuva de Estrelas”. É também na Argentina que grava os seus primeiros vinis a solo, e no primeiro deles inclui a sua versão deste clássico dos anos 40 com letra de Johnny Mercer e música de Harold Arlen. “That Old Black Magic” é aqui apresentado numa das emissões de “Riso & Ritmo”, que a RTP tinha estreado em 1965, e que se tornou num dos programas de maior sucesso dessa década de 60.

Márcio Ivens estava em Portugal há pouco mais de um ano e o mercado nacional mostrou-se atento, levando-o a gravar dois discos para a Valentim de Carvalho entre 1968 e 1969 – contando um deles com uma canção original de José Cid. Neste último Natal da década, já o cantor se tinha mudado para o selo editorial Riso & Ritmo, fundado por Armando Cortez, Francisco Nicholson e Eugénio Pepe, e tinha novo disco no mercado. Mas muito mais o aguardaria na década de 70 – com velha e nova magia...