THE STROLLERS por João Carlos Callixto

18 Fev 1967 - "Chevrolet"

Depois da vitória de “Amar pelos Dois” no Festival da Eurovisão, os arranjos musicais com sabor a jazz estão na ordem do dia. No caso deste “Gramofone”, o termo não poderia ser mais pertinente: por um lado, temos Teresa Paula Brito, cantora apaixonada pelo género, e por outro José Duarte, aqui também como cantor, mas mais conhecido como autor do histórico programa de rádio “5 Minutos de Jazz”, no ar desde 1966. Juntos, formaram um ano antes o duo vocal The Strollers.



Teresa Paula Brito tinha já gravado um disco em 1962, com o conjunto do madeirense Helder Martins. Aí encontramos músicas deste, de Tavares Belo, de Joaquim Luiz Gomes e ainda uma da autoria do guitarrista Fernando Alvim, com letra da própria cantora. Alvim acompanhava Carlos Paredes, que no ano seguinte seria o autor da música para o filme “Os Verdes Anos”, de Paulo Rocha, cujo tema-título ficou imortalizado na voz de Teresa Paula Brito.

José Duarte tinha-se apaixonado pelo jazz no final da década anterior, e, levado pelo crítico Raul Calado, estivera na fundação do Clube Universitário de Jazz, criado num clima de certa “oposição” ao Hot Clube, que tinha sido fundado em 1948. Por esta histórica agremiação lisboeta passou também o baterista Fernando Rueda, antigo membro do Thilo's Combo e titular do conjunto Rueda + 4, que acompanha as vozes de Teresa Paula Brito e José Duarte nos dois discos que gravam em 1967.



“Chevrolet”, que abre o primeiro EP dos Strollers, tinha sido divulgado pelo etnomusicólogo Alan Lomax no final dos anos 50, na interpretação dos seus autores, Ed e Lonnie Young. Depois disso, já o britânico Donovan tinha adaptado a canção e mudado o título para “Hey Gyp (Dig the Slowness)”, em 1965, e os americanos Jim Kweskin & the Jug Band tinham popularizado no ano seguinte a sua versão.

O videoclip dos Strollers com “Chevrolet” foi produzido para o programa da RTP "Discorama", que era apresentado por Carlos Cruz e que foi pioneiro na divulgação televisiva no nosso país das grandes tendências da música popular. É assim altura de voltar a levar a todos um pedaço quase esquecido da nossa História Musical, 50 anos depois.