XUTOS & PONTAPÉS por João Carlos Callixto

1 Mai 1983 - “Tão Longe de Ti”

O Gramofone vai de férias com um dos nomes grandes do nosso rock: os Xutos & Pontapés. Já com 38 anos de percurso, o grupo continua a dar cartas no panorama nacional desde que se formou em Lisboa, em Dezembro de 1978. Dois dos nomes que estiveram então em cima da mesa merecem registo: Delirium Tremens, com Zé Pedro e Zé Leonel, e Beijinhos & Parabéns, designação que é recusada com a entrada de Kalú e depois de Tim.

Logo a 13 de Janeiro de 1979, fazem parte do concerto de celebração dos “25 Anos do Rock'n'Roll”, na Sociedade Alunos de Apolo, em Lisboa. Aí encerram nessa noite as actividades os Faíscas, icónica banda punk de Pedro Ayres Magalhães mas que nunca chega a gravar. Aos Xutos cabe uma actuação curta e incisiva – 4 canções em pouco mais de seis minutos, para que ficasse bem claro que não estavam ali para levar prisioneiros.

Chegados a 1981, o grupo não tinha ainda discos editados, mas o seu nome era sinónimo de um rock underground com cada vez mais cultores. Francis junta-se ao grupo e Zé Leonel, autor da letra de “Tão Longe de Ti”, a nossa música de hoje, acaba por sair pouco depois. É então com Zé Pedro, Kalú, Tim e Francis que os Xutos assinam com o selo discográfico Rotação, do radialista António Sérgio, onde se estreiam no Natal de 1981 com o single “Sémen”. Poucos meses depois, sai novo trabalho, “Toca e Foge”, e em Julho de 1982 chega o primeiro LP, “1978-1982”, sempre pela Rotação. Curiosamente, um dos convidados no álbum é Américo Cardoso, que tinha sido baterista na primeira formação dos UHF.

Menos de um ano depois, os Xutos são captados ao vivo no Parque Eduardo VII, em Lisboa, nas comemorações do 1º de Maio da UGT, um evento que contou também com a actuação de Herman José. Neste momento pouco visto desde essa altura, surge assim o então inédito “Tão Longe de Ti”, que a banda acabaria por gravar em disco apenas quinze anos depois, na banda sonora do filme "Tentação", de Joaquim Leitão.