FAIR PLAY NO DERBY por Rui Alves

Na penúltima jornada do Campeonato Nacional da época 1982/83, o Benfica preparava-se para fazer a festa de campeão, diante do Sporting, que fora eliminado da Taça dos Campeões Europeus (actual Liga dos Campeões), nos quartos-de-final, pelos espanhóis da Real Sociedad.

Minutos antes do início de mais um dérbi, os eternos rivais de Lisboa, no meio do relvado, e depois da habitual cerimónia dos capitães, Manuel Fernandes, campeão na época anterior, perante o ambiente de festa do Estádio da Luz, dá os parabéns a Humberto Coelho pela conquista do título.

O “fair-play” revelado pelo avançado sportinguista, será comparável ao comportamento dos adeptos sportinguistas que apoiaram o seu vizinho da segunda circular, na final da Taça de Portugal de 1980?

Em comum, entre a final do Jamor e o Campeonato de 1983, é o adversário benfiquista, dar pelo nome de FC Porto. No princípio da década de oitenta, assiste-se nas bancadas do Estádio Nacional à união do Leão e da Águia contra o Dragão.

Passados mais trinta anos, ficaria célebre a frase de Jorge Jesus, hoje um dos mais afamados técnicos portugueses:

“Fair-play?, isso para mim não existe, é tudo treta”, disse na altura o treinador leonino.

É claro que se trata de uma questão cultural e que infelizmente entre nós, a mentalidade portuguesa demonstra ser impossível de aceitar o mérito do adversário.