MULHER AO VOLANTE! por Rui Alves

Após um ano de intervalo, César Torres pai do rali Internacional de Portugal, contempla, mais uma vez, ao reconhecimento de que o seu filho é o melhor do mundo. A edição de 1982, ao longo dos 2364 km, é dominada totalmente pela equipa oficial da Audi que conquista o primeiro lugar com um piloto inesperado.

O automóvel não é só uma fantástica invenção, é também venerado e adorado pelo homem e para muitos deles, a sua masculinidade pode ser medida pelo tamanho do carro. Este objecto de 4 rodas, foi desde da sua criação, utilizado pelos homens para se distinguirem entre si.

Na pista ou na estrada, em velocidade ou em resistência, tudo servia de pretexto para uma corrida. O fascínio é de tal maneira contagiante, que muitos corriam sérios riscos de vida só para poder ver e tocar! nos carros que faziam autênticas tangentes com meia dúzia de centímetros de distância.

A indústria automóvel atenta aos desejos de pilotos e adeptos e com uma concorrência desenfreada desenvolve carros cada vez mais potentes.

Vítimas mortais foram, infelizmente, muitas, o desenvolvimento dos carros a todo o custo, a pressão exercida, levava os pilotos a correrem muitos riscos, mas também deu origem a autênticos deuses do volante, todos sabem quem foi Ari Vatanen, Markku Alen ou Colin McRae entre outros que habitavam num Universo restrito que era o Mundial de Ralis e com algumas regras semelhantes aos famosos clubes Ingleses: "as mulheres aqui não entram".

E assim aconteceu, até 1982!

O rali de Portugal, vive dias de glória, os adeptos Portugueses deliram com os finlandeses voadores que conduzem sempre de prego a fundo, doutrina de vida seguida para esse Deus dos Ralis, e quando lhe coloco a questão da razão para correr tantos riscos, reponde:

"Eu gosto de pilotar, não sou nenhum artista, nem professor e não sou calculista. Eu somente ouço o meu coração e isso é verdade. Se conduzir devagar e de uma forma muito profissional, triunfaria em mais ralis, mas a minha vida seria bem mais aborrecida." Ari Vatanen

O risco assumido pelo Finlandês e pelos seus adversários faz com os automóveis se encostem na berma completamente esgotados que estão os seus recursos mecânicos e que Michele Mouton aproveitou da melhor maneira. A Francesa ao volante do potente Audi Quattro triunfa no Melhor Rali do Mundo de 1982.

Muitos anos depois desta histórica vitória, as mulheres nos ralis continuam a ser uma raridade e qual é a razão para isso acontecer, pergunto eu, à vencedora do rali de 1982.

"Porque não há mulheres suficientes a tentar" resposta veloz de Mouton.