NO JAMOR, FESTA PORTUGUESA COM CERTEZA por Rui Alves

Desde de edição número 1, em 1967, o grande e único acontecimento desportivo internacional é o que acelera em estradas nacionais e dá pelo nome de Rali Internacional de Portugal: Foi preciso esperar por 1984, para o Vale do Jamor, ser escolhido como palco de uma grande competição internacional de atletismo.

O ano de 1984 para Carlos Lopes tinha sido atribulado antes de ida para Los Angeles. Em Março, depois de conquistar o segundo título de Campeão do Mundo de Corta-Mato e quando está a poucos dias de viajar para os Jogos Olímpicos, é atropelado em plena 2ª circular, mas o coração do leão a tudo resiste e ainda vai a tempo de conquistar a primeira medalha de ouro olímpica do desporto português.

A novíssima pista do Jamor é o palco escolhido para da XIII edição do Mundial e do atleta natural de Viseu, espera-se nova vitória, mas na véspera de mais uma grande batalha, o velho leão surpreende todos ao declarar:

"Vinte anos a correr e a ganhar já chegam"

É um Carlos Lopes descrente e que a todos convenceu, as atenções são, então, desviadas para Fernando Mamede que tem, agora, a responsabilidade de não estragar a muito aguardada festa portuguesa. Depois do início da corrida em que ninguém o viu, comodamente instalado no fundo do pelotão, Lopes decide aproximar-se dos lugares da frente ocupados pelos incautos adversários.

O coração do leão de 38 anos, afinal, estava bem vivo! Muitos dias, mesmo muitos anos tinham passado desde que Carlos Lopes, foi pela primeira vez Campeão do Mundo de Corta-Mato, mais precisamente à 9 anos.

O atleta do Sporting mostra toda a sua raça e vence como e quando quis, conquistando a terceira medalha de ouro em Mundiais de Corta-Mato (1976, 1984 e 1985), que se juntam a duas de prata (1977 e 1983), confessando no final da prova:

“Cheguei, fiz a minha vida e venci. Foi o meu maior gozo da minha vida”

Cinco anos depois, a pista de cross do Jamor é utilizada numa superclassificativa do Rali de Portugal...