NO TEMPO EM QUE SE FALAVA DE FUTEBOL por Rui Alves

Na década de setenta, a RTP transmitia um único jogo do futebol Inglês, era a final da Taça de Inglaterra. A tarde de um sábado por ano ficou inesquecível para muitos, uns pela simples razão de apreciar e para outros que aproveitavam durante 90 minutos para aprender e tentar transmitir o espírito imbatível do futebol praticado em terras de Sua Majestade.

Mas nem sempre foi assim! O footbal como chama já William Shakespeare, considerava os seus praticantes de "gente de baixa condição" e que irritava reis e intelectuais, descrevendo como um jogo de bola praticado com violência extrema.

A reviravolta dá-se quando os Stuart voltam ao reino e permitem a invasão do futebol às praças e ruas. Quando na primeira metade do século XIX as escolas inglesas, sob o lema "mente sã em corpo são" o futebol torna-se o desporto Rei de toda a ilha até aos dias de hoje.

Em Portugal, o futebol surge mais tarde e a popularidade é tanta ou maior que no berço da modalidade. Os resumos desportivos são sempre aqueles que tem mais audiência e a RTP lança os primeiros comentadores que estão ligados directamente ao pontapé da bola.

Artur Jorge é um desses rostos, futebolista de craveira, cedo se sagra campeão nacional de juniores pelo FC Porto, já na equipa principal do Benfica conquista quatro campeonatos e é por duas vezes o melhor marcador do campeonato nacional.

Este é o currículo de um jogador diferente e que se tornaria num treinador diferente de todos os outros, destacando-se pelo método e pela inovação dos treinos, é o primeiro responsável pela vitória de três campeonatos e uma Taça dos Campeões Europeus quando treinava a equipa da cidade invicta. Foi a este senhor do futebol Português que a televisão pública entregou o comentário desportivo em 1980.

P.S. - O que diria Shakespeare, nos dias de hoje, de alguns comentadores de futebol que proliferam nos canais portugueses de televisão?