O CAMPEÃO DOS PÉS GRANDES por Rui Alves

Em 1986, o Mundial de Ralis atraia os amantes do desporto automóvel e não só, que ansiosos, iam para a berma da estrada ver as máquinas diabólicas do famigerado Grupo B.

Os carros de enorme potência que passavam a poucos centímetros do destemido público, são os grandes protagonistas de um dos mais tristes episódios do Campeonato do Mundo, organizado pela Federação Internacional do Automóvel desde 1973.

Joaquim Santos ao perder o controlo do Ford RS 200, uma das mais potentes máquinas, não consegue evitar as pessoas que se amontoavam para ver a passagem dos concorrentes na sinuosa estrada da Lagoa Azul na Serra de Sintra.

Apesar da morte de três espectadores e dos principais pilotos internacionais se terem recusado a prosseguir na prova Portuguesa, o Melhor Rali do Mundo tinha de continuar.

A mais dramática edição do Rali de Portugal continuaria rumo à Póvoa de Varzim, Joaquim Moutinho campeão nacional assume então, a liderança do Rali, ao volante do 'amarelinho' Renault 5 Turbo.

Com uma apurada técnica de condução e com ajuda do seu pé direito que media 45 cm, o piloto do Porto pisava em simultâneo o acelerador e o travão, habilidade que ajudaria à conquista da vitória.

A longa lista de vencedores, que durante muitos anos foi a única competição internacional disputada no nosso País, regista a vitória de dois Portugueses, Carpinteiro Albino (1967) e Francisco Romãozinho (1969), antes de existir o WRC (World Rally Championship).

Quando o primeiro lugar era uma missão impossível de alcançar e ser o melhor entre os portugueses era comemorado como se fosse uma vitória.

Moutinho, sempre na companhia do navegador Edgar Fortes, é o único piloto nacional a triunfar numa prova que faz parte do Mundial de Ralis.