Domingo passado o povo foi às urnas e expressou-se de forma clara sobre como pretende que as autarquias da Região sejam geridas. É sabido que o poder local é um poder de proximidade, bastante pessoalizado e, muitas vezes, mais concentrado na figura do candidato à Câmara Municipal ou à junta de freguesia, do que, propriamente, no partido que o suporta. Várias ilações se podem retirar dos resultados desta eleição autárquica. Desde logo, o facto de que algumas candidaturas a juntas de freguesia valem pelo candidato, e não pelo partido que o sustenta. Só por essa razão se compreende que, tendo ganho um partido a eleição para a assembleia de freguesia, seja outro partido a ganhar a eleição para a Câmara e para a Assembleia Municipal. O PS continua a ser o partido que sozinho lidera a votação autárquica. Mas, sinal de alarme, com menos fulgor do que já aconteceu. O PS tem a maioria das autarquias da Região, quer ao nível das Câmaras Municipais, quer ao nível das freguesias, mas perdeu 4 câmaras importantes para a coligação e ganhou apenas uma. Perdeu Praia da Vitória, Horta, S. Roque do Pico e Santa Cruz da Graciosa. Ganhou Vila do Porto. O PS obteve o maior número de votos, mas essa quantidade aponta para uma diminuição e não para um crescimento, na generalidade dos casos. A leitura de que estes resultados avalizam a governação regional não é aceitável. Porque se tratam de eleições absolutamente distintas, e porque, a ser lido assim, a coligação não foi toda avalizada, a ajuizar pela perda da Câmara do Corvo. O discurso de vitória absoluta que perpassou os discursos dos líderes partidários não é aceitável. Aos partidos que suportam a coligação porque perderam a maioria dos municípios, e não traduz nem replica a suposta vitória nas regionais. Ao líder do CDS porque não ganhou qualquer câmara sozinho, com exceção das Velas, em que se trata duma vitória de Luís Silveira. Um opositor destacado da liderança atual. Em relação ao PPM porque sozinho nada ganhou, e perdeu a Câmara do Corvo. Ao líder do PS porque teve uma vitória de Pirro. Que, sendo uma vitória, exige que se analisem com urgência e profundidade os danos causados. Por isso, esperemos
todos que a vitória seja do povo e que este, no seu aviso, saiba, verdadeiramente, se o que pretendia é o que virá a obter.
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