Também nestes anos, o crescente número de rádios piratas o suscitou o debate em torno do papel do Estado na regulamentação do espaço radiofónico, com o processo de legalização que a partir de 1987 fez encerrar as rádios livres e iniciar os respectivos licenciamentos.
Na RDP, um novo desafio prendeu-se com a criação de estações regionais por todo o País, em complemento das emissões nacionais. A década de 90, por seu turno, foi marcada pela progressiva liberalização do espaço radiofónico, que se foi impondo no espaço europeu à semelhança do que sucedeu com outros meios de comunicação. A emergência das plataformas digitais como meios de comunicação privilegiados alterou e diversificou lógicas de programação e canais, configurando um património cada vez mais presente apenas no mundo digital.
A capacidade de adaptação da rádio pública, desde os anos 20 até aos dias de hoje, tem permitido encontrar novas formas de adequação ao serviço público e de convergência com os interesses das audiências, especializando-se, criando espaços próprios, por vezes quase individualizados, preservando por um lado, na sua vocação essencial, a língua e a cultura portuguesa e estimulando, por outro, uma cultura dos afectos próprios que têm vindo a aproximar públicos (cada vez mais alargados e diversificados) e rádio há mais de oito décadas.