Silva Pereira (1912-1992)
Nascido em Celorico da Beira a 5 de Março de 1912, Silva Pereira, violinista, violetista e chefe de orquestra, realizou os seus estudos musicais no Conservatório Nacional, instituição onde estudou violino com Cunha e Silva, harmonia com José Henriques dos Santos, contraponto e fuga com António Eduardo da Costa Ferreira e ciências musicais com Luís de Freitas Branco.
Após terminados os estudos em Portugal, Silva Pereira parte para Paris,
cidade onde prossegue os estudos de violino com Jacques Thibaud e
Georges Enesco, findo os quais inicia uma brilhante carreira
internacional de concertista que o leva a actuar em diversos palcos da
Europa, África e Extremo Oriente.
Em 1942 e já em Portugal, Silva Pereira funda, conjuntamente com
Fernando Lopes-Graça, Maria da Graça Amado da Cunha, Francine Benoit e
Macário Santiago Kastner, a Sociedade de Concertos "Sonata", estrutura
que tem como objectivo a divulgação da música do século XX e em cujos
concertos actua com frequência. Nesta qualidade, dá a conhecer ao
público português em primeira audição, inúmeras obras modernas, de entre
as quais se destacam, o Concerto de Szymanowsky, o Capricho de Petrassi
e as Sonatas de Béla Bartok, Poulenc e Santoro.
Como instrumentista Silva Pereira foi ainda concertino da Orquestra
Sinfónica da Emissora Nacional e violetista da Academia de
Instrumentista de Câmara.
Data de 1944 a sua primeira apresentação pública como maestro, num
concerto realizado no Coliseu de Lisboa, onde dirige com grande sucesso a
Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional.
Após esta apresentação, Silva Pereira parte para o estrangeiro onde vai,
nos anos seguintes, aperfeiçoar-se em direcção de orquestra. Em Itália
trabalha com Carlo Zecchi na Accademia Chigiana de Siena e na Áustria
com Hans Swarowsky na Statsakademie de Viena, instituição onde recebe em
1957, o diploma de Kappelmeister, conjuntamente com Zubin Mehta e
Claudio Abbado.
De regresso a Portugal, dirige nesse ano de 57, as Orquestras Sinfónicas
da Emissora Nacional, Porto e Lisboa, partindo em seguida para uma
grande digressão a África.
A partir desta altura inicia uma brilhante carreira internacional de
chefe de orquestra dirigindo as mais célebres orquestras da Europa,
Estados Unidos, Japão, ex-União Soviética, África do Sul e Tailândia,
entre outras.
Após os estudos de direcção de orquestra realizados no estrangeiro,
Silva Pereira é nomeado maestro titular da Orquestra Sinfónica da
Emissora Nacional / Porto, cargo que ocupa entre 1957 e 1974, ano em que
é nomeado maestro titular da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional /
Lisboa, posteriormente Orquestra Sinfónica da RDP. Silva Pereira
manteve-se nestas últimas funções até 1989, ano em que a Orquestra da
RDP foi extinta. Entre 1975 e 1980, exerceu ainda funções de director
musical do Teatro Nacional de S. Carlos.
Como distinção pelo trabalho desenvolvido em torno da direcção de
orquestra, em 1975, foi-lhe atribuído o título de "Maestro do Ano" na
Roménia.
Para além das suas actividades como instrumentista e chefe de orquestra,
Silva Pereira foi também Director do Conservatório de Música do Porto
entre 1964 e 1966, Presidente da Comissão Nacional para a Unesco de 1964
a 1974 e Presidente do "Prémio Jovens Músicos" desde a sua criação, em
1987, até 1992, ano em que ocorreu a sua morte.
Artista reconhecido internacionalmente, Silva Pereira fez parte de júris
de diversos Concursos Internacionais, tendo sido ainda um dos 8 membros
Honorários Internacionais da American Lizst Society.
António Ferreira (pianista e musicólogo)