Jacques Dutronc e Isabelle Huppert filmados por Godard em

17 Nov 2017 21:47

Em destaque no cartaz do Lisbon & Sintra Film Festival (17-26 Nov.), Isabelle Huppert é a principal homenageada do certame. Desde logo, através de uma exposição fotográfica, ‘Woman of Many Faces’, no Museu das Artes de Sintra. Na programação, encontramos também uma vasta retrospectiva, bem reveladora dos contrastes de um talento invulgar, afinal de contas marcando de forma indelével a história da produção francesa (e não só) desde a década de 70.

Dos 25 títulos com Isabelle Huppert que será possível ver ou rever durante o festival, eis alguns destaques:
* AS IRMÃS BRONTË (1979), de André Téchiné
Uma preciosidade que nunca teve estreia comercial no nosso país: Isabelle Huppert, Isabelle Adjani e Marie-France Pisier interpretam as irmãs ligadas pela paixão da escrita, numa Inglaterra de meados do século XIX marcada por muitas formas de condicionamento das mulheres e da expressão feminina — atenção à presença breve de Roland Barthes, interpretando a personagem de William Makepeace Thackeray.
— Monumental (dia 18, 14h30 / dia 26, 14h00) 

* SALVE-SE QUEM PUDER (1980), de Jean-Luc Godard
No original, "Sauve qui Peut (La Vie)" — com Isabelle Huppert, Jacques Dutronc e Nathalie Baye, este é, por certo, um objecto essencial para compreender a história do cinema das últimas décadas, de tal modo Godard relança os modelos clássicos (a começar pelo melodrama em cenários urbanos) para os decompor através de um trabalho, nomeadamente na manipulação da imagem e do som, que prenuncia muito da história "videográfica" que, de modo mais ou menos consciente, continuamos a viver. Como uma espécie de terno fantasma, lembremos a presença/ausência de Marguerite Duras…
— Monumental (dia 24, 16h45)



* AS PORTAS DO CÉU (1980), de Michael Cimino
O lendário "Heaven’s Gate", que ditou o fim da United Artists, pode ser definido como um "western" terminal que, de alguma maneira, percorre e encerra as derivas críticas e auto-críticas que o género sofreu ao longo das décadas de 60/70. Impressionante pelo gigantismo dramático e também pela excelência do elenco — Huppert contracena, entre outros, com Kris Kristofferson, Christopher Walken, John Hurt, Jeff Bridges e Joseph Cotten.
— Centro Olga Cadaval (dia 22, 16h00 / dia 26, 15h00); Monumental (dia 25, 15h00)

* A PIANISTA (2000), de Michael Haneke
Por certo uma das composições mais extremas de Isabelle Huppert, interpretando uma professora de música do Conservatório de Viena que vive a sua sexualidade num cruel labirinto de fantasmas e assombramentos — valeu-lhe o seu segundo prémio de interpretação em Cannes (depois de "Violette Nozière", de Claude Chabrol, em 1978).
— Nimas (dia 17, 22h00); Centro Olga Cadaval (dia 19, 21h30)

* GABRIELLE (2005), de Patrice Chéreau
Inspirado no conto "The Return", de Joseph Conrad, esta é, por certo, uma das mais desconhecidas maravilhas da produção francesa deste nosso século XXI. Chéreau retrata a crise do casamento de Jean (Pascal Greggory) e Gabrielle (Huppert) como um fascinante labirinto de desejos em que a verdade mais insólita pode ser também a mais libertadora — incrível é a direcção fotográfica de Eric Gautier.
— Nimas (dia 25, 19h00)
  • cinemaxeditor
  • 17 Nov 2017 21:47

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