uma das imagens icónicas idealizadas por Christopher Nolan
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A origem... de algo diferente
O ciné-mental de Christopher Nolan propõe múltiplos caminhos narrativos que não correspondem à fórmula convencional do cinema de acção e do vídeo-jogo
A temporada de Verão nos cinemas é um período dominado pela estreia de remakes e sequelas, continuações e revisões de fórmulas já testadas com sucesso junto do público. Numa época assim surge "A Origem", um filme onde a acção acontece no território de todas as possibilidades: o sonho.
Dois anos após ter conhecido o sucesso com "O Cavaleiro das Trevas", o mais recente episódio da série Batman, Christopher Nolan ressurge com um filme entusiasmante onde imagina uma nova forma de espionagem suportada numa técnica que permite entrar nos sonhos de alguém adormecido e roubar-lhe uma ideia.
As ideias são mais resistentes do que os vermes e ainda comandam a vida. Estamos em pleno ciné-mental, como sucedia em "Memento", o filme contado ao contrário e que projectou Nolan como um realizador talentoso e capaz de lidar habilmente com as coordenadas temporais e espaciais da narrativa.
Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), um exímio extractor, é contratado por Saito (Ken Watanabe), um poderoso homem de negócios, para realizar uma missão mais complexa. Saito pretende que Cobb entre no sono de Robert Fischer (Cillian Murphy) e implante uma ideia que o leve a desmantelar a poderosa companhia que herdou do pai.
O filme tem sido considerado confuso e é muito exigente de seguir, mas fornece todas as coordenadas para ser compreendido - para isso é necessário seguir atentamente a primeira metade ou então impõe-se uma revisão da obra... e aí reside a chave da medida do seu sucesso.
Christopher Nolan abriu as portas de um novo universo através de um filme que está longe de explorar todas as possibilidades labirínticas que o argumento suscita. O sonho dentro do sonho permite traçar múltiplas progressões narrativas, o que se revela bem mais entusiasmante do que a tradicional evolução em sequências de acção, que no fundo correspondem aos níveis dos jogos de vídeo.
"A Origem" fornece uma matriz conceptual nova e que está pronta para ser explorada de diversas formas.
por Tiago Alves
publicado 15:20 - 23 julho '10