Abel Ferrara em Cannes apresentando

20 Mai 2014 1:07

Abel Ferrara evita prolongar a polémica: "o meu advogado aconselhou-me a ficar calado, como fez o advogado de Domique Strauss-Khan". Num encontro com a imprensa internacional, onde o CINEMAX esteve presente, o realizador defende o seu filme em nome da "liberdade artística" e relembra a condição de Pier Paolo Pasolini, que foi assassinado em 1975, e sobre quem filmou recentemente um documentário. "Concluí há pouco um filme sobre alguém que acabou morto numa praia por perseguir os seus instintos artísticos".

Ferrara salienta que o filme "não é um documentário", e que pode ser encarado como uma obra sobre os desvarios de "Gérard Depardieu ou do Rei Lear", procurando criar distanciamento em relação a Dominque Strauss-Khan.

O ex-chefe do Fundo Monetário Internacional, DSK, vai apresentar "uma queixa por difamação, dentro de poucos dias" contra o filme de Abel Ferrara "Welcome to New York" inspirado no escândalo que sucedeu há 3 anos no Hotel Sofitel em Nova Iorque.

O anúncio foi feito por Jean Veil, advogado de DSK, em declarações à Rádio Europe 1 onde considerou que o filme era "uma merda, merda de cão" e que tem "elementos anti-semitas".

Dominique Strauss-Kahn foi forçado a renunciar após ser acusado de ter abusado sexualmente de uma empregada de quarto, a guineense Nafissatou Diallo, na suíte do hotel Sofitel em Nova York. O caso foi encerrado no final de 2012 através de um acordo financeiro confidencial.

O advogado afirmou que Dominique Strauss-Kahn está "revoltado e assustado com esse filme" e "pediu aos seus advogados para apresentarem uma queixa por difamação por causa de acusações de violação e insinuações que estão ao longo do filme", disse Veil.

Para o advogado, Dominique Strauss-Kahn "foi exonerado [no caso Sofitel] claramente pelo promotor de Nova Yorque", e ele tem direito "esquecer" o sucedido.

"Welcome to New York", com Gérard Depardieu e Jacqueline Bisset, foi exibido em antestreia mundial no sábado passado numa sala de Cannes num evento promovido pelo produtor – o festival recusou exibir o filme na seleção oficial. Desde esse dia que o filme está disponível para aluguer em VOD, video on demand, e em diversas plataformas da internet.

O advogado não vai avançar com medidas para proibir a exibição do filme alegando que DSK "não é um censor".

  • cinemaxeditor
  • 20 Mai 2014 1:07

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