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"Apocalypse Now": 40 anos de história

Quatro décadas depois da sua estreia, "Apocalypse Now" foi restaurado em 4K. Francis Ford Coppola encontrou, assim, o seu "Apocalypse Now - Final Cut", um dos acontecimentos maiores do nosso ano cinematográfico.

Apocalypse Now: 40 anos de história
Martin Sheen no papel do capitão Willard: nos cenários dantescos do Vietname
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 Apocalypse Now: 40 anos de história
Apocalypse Now - Final Cut Apocalypse Now - Final Cut é a terceira e derradeira versão de um dos grandes marcos da história do cinema, e que este ano comemora 40 anos sobre a sua estreia no Festival de Cannes, onde venceu a Palma de Ouro.Francis Ford Coppola considera naturalmenteesta versão como a melhor e a definitiva para o seu filme, cujo restauro em 4K acompanhou de perto, nomeadamente ao nível do som. A partir de ...

Face à possibilidade de reencontro com a obra-prima de Francis Ford Coppola, o primeiro impulso será o de saudarmos o regresso de um título central na história moderna de Hollywood e, em boa verdade, de todo o cinema. Mas importa sublinhar a singularidade do evento: não se trata de uma reposição mas, de facto, de uma estreia.

Porquê? Porque "Apocalypse Now" passa a existir como um tríptico com 40 anos de história (1979-2019). Apetece dizer, aplicando uma linguagem musical: tema e variações. Primeiro, em 1979, o filme surgiu com 2 horas e 33 minutos, com essa duração arrebatando a Palma de Ouro de Cannes; depois, em 2001, Coppola decidiu integrar algumas sequências que tinham ficado de fora, lançando "Apocalypse Now Redux", totalizando 3 horas e 22 minutos; agora, a versão final [final cut] tem 3 horas e 3 minutos.

Lembremos o mais básico: qualquer das versões é um esplendoroso objecto, celebrando o cinema como espectáculo maior que a vida, em tudo e por tudo diferente dos actuais modelois dominantes de super-heróis e afins que, quase sempre, reduzem o cinema a uma ostentação gratuita de proezas técnicas. Seja como for, com "Apocalypse Now - Final Cut", Coppola terá encontrado o equilíbrio ideal do seu projecto, para mais contando com um exemplar restauro em digital 4K.

A saga do capitão Willard (Martin Sheen), encarregado de localizar e destruir o coronel Kurtz (Marlon Brando) desloca a novela clássica de Joseph Conrad, "Coração das Trevas" (1899), para os cenários dantescos do Vietname. Dito de outro modo: a crónica contudente do colonialismo transfigura-se, assim, em parábola sobre os traumas da guerra e o inferno das relações humanas. Ver ou rever tal proeza no ecrã de uma sala escura fica como um acontecimento fulcral do ano cinematográfico em Portugal. 

Crítica de João Lopes
publicado 22:17 - 21 dezembro '19

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