7 Nov 2015 22:47

* LEFFEST — domingo, 8 Novembro 

É bem verdade que a história dos filmes não é linear, nem definitiva. Que o diga Wim Wenders. Em 1991, quando concluíu "Até ao Fim do Mundo", uma fascinante parábola futurista, produtores e distribuidores não aceitaram a sua montagem final de mais de quatro horas de duração. Efeito prático? O filme foi reduzido para cerca de duas horas e meia, com o realizador a não reconhecer essa versão "curta"… Agora, finalmente, "Até ao Fim do Mundo" pode ser visto no seu director’s cut, por certo um dos acontecimentos marcantes da 9ª edição do Lisbon & Estoril Film Festival.

A presença de Wenders em Portugal (que ocorre poucos dias antes da estreia da sua mais recente longa-metragem, "Tudo Vai Ficar Bem") envolve também um acontecimento muito especial dedicado à sua actividade fotográfica: uma exposição de fotografias obtidas durante as suas rodagens em Portugal ("O Estado das Coisas", algumas cenas de "Até ao Fim do Mundo" e "Viagem a Lisboa", respectivamente de 1982, 1991 e 1994).

Além do mais, a projecção de todos os títulos citados permitirá compreender o modo como, através dos mais inusitados contrastes, a obra de Wenders se foi consolidando como um sistema de viagens, não apenas geográficas (entre Europa e América), mas também tecnológicas e simbólicas — afinal de contas, "Até ao Fim do Mundo" é mesmo um objecto visionário que, através dos artifícios da ficção científica, antecipa vários elementos da nossa actualidade social, a começar pela proliferação de ecrãs e pelo incremento de uma solidão favorecida pelos novos gadgets audiovisuais.
Hoje, na competição, passam "Trois Souvenirs de Ma Jeunesse" (França), de Arnaud Desplechin, e "Montanha" (Portugal), de João Salaviza. Integrado na homenagem a Barbet Schroeder, é exibido o episódio da série televisiva "Mad Men", por ele realizado em 2009.
  • cinemaxeditor
  • 7 Nov 2015 22:47

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