24 Mar 2022 12:09
Desde 2016, quanto "Manchester By the Sea", da Amazon Studios, se tornou
a primeira nomeação de um serviço de streaming para o Óscar de melhor
filme, a empresas do setor gastaram milhões de dólares em campanhas para
alcançar um prémio que lhes tem fugido.
Este ano pode ser diferente. "CODA" da Apple TV+, uma história de
emoções sobre a filha de um casal surdo que nasce entre o amor pela
música e o medo de abandonar a família, é um dos favoritos para o prémio
mais prestigiado da indústria cinematográfica, tendo recebido prémios
principais das associações de produtores e atores.
Na corrida ao melhor filme, "CODA" enfrenta a competição da Netflix, com
"O Poder do Cão", favorito da crítica e que recebeu o prémio máximo da
Directors Guild of America, dos BAFTAs e dos Critics Choice Awards.
"Seria óptimo se o vencedor fosse um operador de streaming, penso eu,
porque alarga o âmbito dos prémios", disse a estrela de "CODA" Marlee
Matlin, primeira actriz surda a receber um Óscar pelo papel em "Filhos
de Um Deus Menor", em 1986.
Habitualmente, vencer o Óscar de melhor filme – ou apenas ser nomeado –
fornece um impulso à venda de bilhetes de cinema. "King Richard", filme
biográfico sobre Richard Williams, pai e treinador das famosas tenistas
Vénus e Serena Williams, registou um salto de 443% na venda de bilhetes
no fim-de-semana após a nomeação para melhor filme, em fevereiro, de
acordo com a empresa de análise do box office, Comscore.
Algo semelhante
se passou com o épico de ficção científica "Duna" que, na mesma altura,
viu as vendas de bilhetes nos EUA subirem 380%.
Uma porta-voz da HBO Max, do grupo Warner Media, disse que filmes
nomeados para os prémios da academia norte-americana como "Dune", "West
Side Story", ou "Nightmare Alley – O Beco das Almas Perdidas", estão
entre os filmes mais vistos no serviço de streamings nas últimas
semanas.
O número de espectadores de "Os Olhos de Tammy Faye" cresceu
42% após a nomeação de Jessica Chastain na categoria de melhor actriz
ter sido anunciada.
"Todas estas empresas de streaming têm algo a ganhar", disse um membro
da indústria.
"Nos velhos tempos, ou seja há 10 anos, tudo se centrava
nos cinemas e em usar Oscar e o Globo de Ouro como ferramenta de
marketing para levar mais pessoas às salas.
A resistência da indústria à crescente influência dos streamers, e em
particular a vontade da Netflix em montar campanhas multimilionárias em
redor do Oscar, parece desvanecer-se.
"O cinema está em transformação, mas não creio que representa a morte de
algo", disse o actor Kerry Washington, "Penso que estamos apenas a ter
mais opções e formas de apreciar conteúdos".
  • Cinemax com Reuters
  • 24 Mar 2022 12:09

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