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Christopher Nolan propõe
uma aventura virtual
Reencontrando algumas componentes dos seus primeiros filmes, em particular "Memento", Christopher Nolan faz de ""Inception / A Origem" uma variação espectacular através dos mundos da realidade virtual
Afinal de contas, o que significa sonhar? Será que existe uma fronteira nítida, e nomeável, entre o estado de vigília e o mundo onírico?
Bem sabemos que muitas formas de arte contemporânea, incluindo naturalmente o cinema, têm avançado com as mais variadas ou complexas respostas a tais questões. Mas podemos dizer que o novo filme escrito e dirigido por Christopher Nolan, "Inception / A Origem", corresponde, pelo menos, a uma nova síntese, indissociável dos circuitos em que vivemos, algures entre a crueza da experiência imediata e as paisagens mais ou menos imponderáveis da realidade virtual.
O motor do filme é, precisamente, a possibilidade de entrada nos sonhos de alguém, processo esse que acontece, não tanto para alterar o material sonhado, mas sim para lá depositar alguma coisa imaterial, ou seja, uma ideia. A partir daqui, gera-se uma contaminação de coordenadas (a personagem de Leonardo DiCaprio é mesmo apresentada como um "extractor") que faz com que a história de cada um esteja sistematicamente a ser reconvertida e, num certo sentido, reinventada a partir do acto de sonhar.
"A Origem" tem algo de aventura policial, mas também de especulação virtual. Funciona como derivação ousada de algumas lógicas dos jogos de video e também como redistribuição das componentes clássicas de certas narrativas de jogos de video. É, além do mais, um reencontro de Nolan com as raízes da sua própria obra, mais concretamente com as vertigens imaginadas ou imaginárias de "Following" (1998) e "Memento" (2000).
por João Lopes
publicado 22:56 - 24 julho '10