joao lopes
18 Nov 2018 17:46

Em anos recentes, através de vias plurais e contrastadas, algum cinema europeu tem-se empenhado em revisitar memórias da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) — "O Filho de Saul", do húngaro László Nemes, será o exemplo mais contundente desse processo, e também o mais conhecido, já que arrebatou o Oscar de melhor filme estrangeiro referente a 2015.

Num certo sentido, e apesar de se tratar de um filme que nos remete para a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), podemos situar "Histórias de uma Vida" (título original: "Le Collier Rouge") no mesmo universo criativo. Porquê? Porque também aqui se procura reflectir sobre a dinâmica individual/colectivo num contexto necessariamente convulsivo. Com um detalhe que está longe de ser secundário: esta é uma memória do imediato pós-guerra.

 



A missão do oficial Lantier (François Cluzet) envolve-o com a história muito particular do soldado Morlac (Nicolas Duvauchelle): trata-se de saber como, e porquê, Morlac desrespeitou os símbolos da nação francesa — sem esquecer que, de uma maneira ou de outra, o seu cão é uma figura incontornável do caso… Estamos, afinal, perante um estudo psicológico que tenta funcionar como um fresco histórico de um momento de muitos traumas e contradições.

A realização de Jean Becker possui a fluência equívoca de um academismo que, de facto, em última instância, se assume como mera "transcrição" de uma história tida por exemplar (trata-se da adaptação de um romance de Jean-Christophe Rufin). Alguma vibração passa pela composição dos actores, sem esquecer a presença muito viva do cão, mas "Histórias de uma Vida" é um filme "antigo" e acomodado, no limite colado a matrizes da mais rotineira ficção televisiva.

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