Beatriz Batarda em

17 Jan 2017 22:56

A realizadora Cláudia Varejão documentou a vivência das comunidades de mulheres japonesas Ama-San. Há dois mil anos que as mulheres das vilas piscatórias de Wagu, Ijika, Oosatsu e Toushijima, no Japão, mergulham em apneia, sem garrafa de oxigénio, à procura de abalones (moluscos), pérolas, ostras e algas, para poderem viver e preservar uma tradição feminina milenar.
 
As mulheres Ama-San (Ama significa pessoas do mar, em japonês) conseguem ir até aos 20 metros de profundidade e permanecer sem
respirar durante dois ou três minutos, até realizarem a arriscada
tarefa. Depois voltam para casa, pelo caminho vendem o que foram capazes de
apanhar, cuidam das rotinas familiares, e passam a tarde a
recuperar da hipotermia provocada pelo frio da água. As Amas, como
também são conhecidas, são financeiramente independentes, sustentam as
famílias e criam laços de irmandade dentro da comunidade.

A média de idade das mulheres que hoje mergulham é de 67 anos, as mais novas têm 50 anos e as mais velhas já atingiram os 85. A idade não as impede de ganhar a vida e perpetuar um costume antigo.

A fotógrafa e realizadora Cláudia Varejão observou esta desconhecida realidade e retratou a vida desta comunidade de mulheres japonesas.
O documentário estreia nos cinemas dia 26 janeiro e o CINEMAX CURTAS complementa a exibição do filme programando duas curtas-metragens da realizadora.

Cláudia Varejão nasceu no Porto, Portugal, e estudou cinema no Programa de Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a German Film und Fernsehakademie Berlin, na Academia Internacional de Cinema de São Paulo Brasil e fotografia na AR.CO, em Lisboa.

É autora da curta documental "Falta-me/Wanting" e da triologia de curtas de ficção "Fim-de-semana", "Um dia Frio" e "Luz da Manhã".

"No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos" é a sua primeira longa-metragem. "Ama-San" é o seu mais recente filme e recebeu o prémio de melhor documentário na competição portuguesa do Doclisboa 2016. Para além do seu trabalho como realizadora desenvolve um percurso na fotografia.

O CINEMAX CURTAS exibe as curtas-metragens de ficção "Um Dia Frio" e "Luz da Manhã", dois filmes que abordam questões do quotidiano e da vivência familiar.

Um Dia Frio | com Adriano Luz, Isabel Ruth, Maria D’Aires, Ana Rodrigues | 27 min | 2010
Sessão 18 janeiro

"Um Dia Frio" é um retrato de uma relação primeira, anterior ao mundo externo, a da família. Num Inverno em Lisboa, pai, mãe, filho e filha, traçam o percurso de um dia, a sós. Um filme que se desenvolve em torno de personagens cujo antagonista não é mais do que a própria vida, com nada (e tudo) de heroico.

Luz da Manhã | com Beatriz Batarda, Elisa Lisboa, Matilde Colaço | 18 min | 2012
Sessão 25 janeiro

"Luz da Manhã" fecha um círculo de três curtas metragens de Cláudia Varejão sobre o (des)encontro em família. Onde nem sempre os caminhos coincidem e as rupturas inesperadas não são necessariamente resultado de uma falha. O quotidiano oculta forças maiores e silenciosas. E o seu entendimento apresenta-se muitas vezes como uma tarefa demasiado violenta ou até, inútil.

Seja qual fôr o olhar que se permite viver, a transcendência das relações humanas estará sempre lá, frontal, inabalável e bruta. Luz da manhã aproxima-se da distância entre três gerações, mãe, filha e neta. Num denso rio que as une, sem motivo aparente para além da exaustão, uma fenda emerge.

  • cinemaxeditor
  • 17 Jan 2017 22:56

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